O médico e diplomata Edgar Martin, cônsul geral da Venezuela no Rio de Janeiro, e Merli Vanegas, advogada e cônsul adjunta, receberam, na sede do consulado, a mim e a mais dois blogueiros do Rio, Miguel do Rosário, do Cafezinho, e Rafael Caliari, da Caneta Desmanipuladora, para uma conversa. Durante mais de uma hora, os diplomatas fizeram uma radiografia completa da agressão sofrida pelo seus país, orquestrada e liderada pelo império norte -americano e que conta com o apoio decidido da direita e dos donos dos meios de produção do país. Os grupos de mídia do continente completam a engrenagem golpista. Veja alguns pontos abordados pelos representantes do governo venezuelano no Rio :
Guerra de quarta geração - É como eles definem o tipo de guerra contra o governo do presidente Nicolás Maduro. Esse conceito inclui ações hostis e de sabotagem permanentes, com o intuito de criar as condições necessárias para um golpe de Estado. Neste sentido, o desabastecimento (até de bens de primeira necessidade) levado a cabo por empresários de vários setores desempenha papel central. O governo, para enfrentar esse grave problema, criou os Centros Locais de Abastecimento e Provisões.
A cobiça do petróleo - O petróleo produzido na Venezuela é fino e tido como de ótima qualidade. A queda acentuada da cotação internacional do barril, de mais de 100 dólares para algo em torno de 20 dólares, em muito contribuiu para a asfixia econômica da Venezuela. As reservas venezuelanas são vistas como estratégicas pelos EUA. Entre outros motivos porque a viagem de navio do petróleo importado dos países do Golfo leva entre 45 e 50 dias para chegar à América do Norte, enquanto da Venezuela até os EUA não passa de cinco dias.
Cerco dos governos de direita da região - Mesmo sem falar do caso brasileiro por questões ligadas às regras da diplomacia internacional, os diplomatas avaliam que a campanha contra o governo venezuelano nos organismos multilaterais do continente inserem-se na estratégia conservadora de fazer com que os países retomem o neoliberalismo.
Violência e fascismo da oposição de direita - A elite do país, inconformada com a Constituição legada pelo comandante Hugo Chávez, depois de amplamente discutida e votada pelo povo, vem recorrendo com frequência a métodos violentos e ao terrorismo mais explícito. A Constituição, que é o pilar fundamental de um sistema participativo e protagônico, logrou reformar a terra, a água e a pesca, mexendo com interesses da burguesia arraigados por séculos.
A verdade sobre Leopoldo López - Para os grupos monopolistas de mídia do continente, o opositor Leopoldo López é um preso político. Mas, segundo os diplomatas, ele é apenas um criminoso responsável por um sem número de atos violentos em todo o território venezuelano. Milionário de berço - sua mãe foi alta funcionária da petroleira no período anterior à revolução -, Lopez estudou nos EUA. De volta ao país, criou um movimento político chamado "La Salida", "A Saída", em português. Os objetivos políticos desse movimento eram apenas cortina de fumaça, pois ele protagonizou atos de terrorismo que tiraram a vida de 43 pessoas, a maioria degoladas, além de provocar 874 feridos. Hoje, o delinquente cumpre pena de 13 anos, mas o Judiciário lhe foi benevolente, uma vez que livrou-o da responsabilidade pelas mortes.
Povo consciente, mobilizado e armado - O falecido presidente Chávez , com base na convicção de que o povo são os militares e os militares são o povo, criou a União Cívica-Militar e as Milícias Bolivarianas, através da qual o povo se organiza nos bairros, nas fábricas e nas escolas para defender a revolução. Hoje são 100 mil milicianos armados, os quais somados à forças armadas regulares chegam a um efetivo de 300 mil venezuelanos e venezuelanas. As impressionantes mobilizações populares reunindo centenas de milhares de pessoas, a fidelidade das forças armadas à causa revolucionária e o legalismo do Tribunal Supremo têm sido os sustentáculos da revolução bolivariana.
Investimento em comunicação - Além da Telesur e outras redes de TV e rádios comunitárias, sociais e regionais , ainda nos governos de Chávez a Venezuela lançou dois satélites de comunicação com os nomes de Simão Bolívar e Francisco Miranda.