Presente na manifestação de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que é realizada hoje (10) em Curitiba, o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) definiu os atos que desde ontem ocorrem na capital paranaense como “um banho de democracia” na cidade que se tornou “a pátria do Estado de exceção”.
O deputado disse acreditar que, durante o depoimento que está sendo prestado ao juiz Sérgio Moro, o ex-presidente vai “pôr por terra as acusações fantasiosas e mentirosas que lhe são imputadas”. Damous definiu Sérgio Moro como o “justiceiro de Curitiba, travestido de juiz”, que continuaria praticando arbitrariedades, sendo a última a negativa da defesa do ex-presidente de gravar o depoimento.
“Esse justiceiro grava e edita, seleciona e vaza para as Organizações Globo, a qual ele é associado. Moro e a TV Globo são uma coisa só”, afirmou o deputado, enfatizando que, em Curitiba, a Constituição do Brasil não estaria em vigor. “Na Vara do justiceiro Moro, o que está em vigor é uma lei criada da sua própria cabeça. Aqui não tem ordem jurídica, mas hoje milhares de pessoas estão aqui dizendo que não vão aceitar e assistir passivamente as arbitrariedades contra Lula.”
O deputado disse ainda que, atualmente, há uma “série de candidatos a Moro no Brasil”. E citou como exemplos a juíza substituta Diele Denardin Zydek, da 5ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, que proibiu acampamentos nas ruas e praças da cidade e manifestações na área próxima do local do depoimento; e a decisão de ontem (9) do juiz federal Ricardo Augusto Soares Leite, da 1ª Região, em Brasília, que determinou a suspensão das atividades do Instituto Lula.
“Isso é a prova de que estamos vivendo uma espécie de ditadura dos juízes de primeiro grau, na verdade, 'juizecos'. É essa República do Estado de exceção que temos que derrotar e fazer com que nossa Constituição volte a vigorar”, declarou Damous.
Mais cedo, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) divulgou vídeo nas redes sociais e também se referiu à decisão do juiz que suspendeu as atividades do Instituto Lula. “Pelo menos uma parte do Judiciário está agindo como partido político”, critica o senador.
Segundo Requião, as manifestações em Curitiba a favor de Lula são legítimas, principalmente diante dos métodos usados pela Lava Jato. “O juiz Moro optou por seguir os caminhos da Operação Mãos Limpas (da Itália), abriu mão de se ater exclusivamente aos trâmites judiciais e resolveu mobilizar a opinião pública a favor das suas investigações.”
Para o parlamentar, as questões judiciais deveriam ser tratadas no âmbito estrito do Direito. “Espero que o Moro seja hoje um juiz isento e aja com a correção e o distanciamento que se espera de um magistrado, mas a partir do momento em que ele mobiliza a população, ele se parece mais como parte acusadora do que com um juiz independente que vai analisar os fatos e estabelecer o seu veredito”, pondera. “O que acontece hoje no Brasil fugiu um pouco ao controle e a normalidade.”
Também nessa quarta-feira (10), o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) emitiu nota abordando o depoimento do ex-presidente em Curitiba e questionando as razões pelas quais isso se tornou o centro do debate público nacional. A resposta, para o parlamentar, está no fato de o Judiciário ter perdido a isenção e tomado um "lado".
“A espetacularização do processo e dos agentes do Poder Judiciário nele envolvidos causou uma situação surreal: a presunção de culpa pura e simples, sendo descartáveis os meios para se chegar a ela”, avalia Orlando Silva. “A verdade é que Sergio Moro age ao arrepio da lei com a finalidade de entregar o ‘troféu’ que prometeu a seus seguidores: a condenação de Lula. E ela deve vir a tempo de retirá-lo da disputa presidencial de 2018”, argumenta.
De acordo com o deputado do PCdoB, os vazamentos seletivos, o cerceamento da defesa, as ilações que viram "provas", as entrevistas “pirotécnicas” e o “conluio com a grande mídia são armas da 'República de Curitiba' contra o Estado democrático de Direito".
“Apoiar Lula hoje não é apenas tomar o ‘lado’ do ex-presidente que liderou um projeto de desenvolvimento soberano do país; mas é sobretudo lutar contra o arbítrio, contra o Estado de exceção, contra a ditadura do Judiciário. É estar ao lado do Brasil e da democracia”, afirma.