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O patos que bateram panela e os patos pagos por Joesley

Jun 04, 2017

Por Kiko Nogueira, no DCM                                                                              

 

Os patos que foram às ruas contra a corrupção foram enganados por outros patos espertos bancados por Joesley Batista.

O publicitário Elsinho Mouco, marqueteiro de Temer, acusado de abocanhar 3 milhões de reais em propina da JBS, falou do papel do empresário no golpe.

Joesley, segundo o Estadão, “se ofereceu para pagar por um serviço de monitoramento de redes sociais que nortearia a estratégia do PMDB de blindagem a Temer. Na ocasião, foi incisivo: ‘Vamos derrubar essa mulher’”. 

A relação deles, que começou em 2009, continuou até janeiro de 2017.

Diz a reportagem:

Era uma quarta-feira no começo de maio do ano passado, quando Elsinho recebeu um convite de Joesley para uma visita. “Ele era um player, o maior produtor de proteína animal do mundo. Era objeto de desejo de todo mundo. Cheguei com duas horas de antecedência para não correr o risco de ficar parado no trânsito”, contou o marqueteiro.

Seu objetivo era conquistar a conta publicitária de pelo menos uma das inúmeras empresas do grupo, mas a conversa enveredou por outro caminho. “Para minha surpresa, ele chamou Dilma de ingrata, grossa e incompetente. E disse: ‘Temos que tirá-la’”, lembrou. 

A surpresa se deve pelo fato da JBS sempre ter mantido boas relações com os governos do PT. Apesar do crescimento do movimento pelo impeachment entre empresários, os Batistas nunca criticaram Dilma publicamente. 

Entre goles de whisky e mordidas de camarão no espeto, Joesley teria dito que gostaria de ajudar de alguma forma o movimento das ruas. “Em 2016, empresários, sindicatos patronais, movimentos sociais (MBL, Vem Pra Rua, Endireita Brasil, etc), muita gente queria o impeachment da Dilma. Uns contrataram carro de som, outros contrataram bandanas, pagaram por bandeiras, assessoria de imprensa. Teve gente que comprou camisa da seleção brasileira e foi pra rua. O Joesley estava nessa lista. Ele se ofereceu para custear o monitoramento digital nesta fase”, contou o marqueteiro. 

(…)

O dinheiro teria sido colocado em uma pasta e deixado no carro do publicitário. Quanto questionou a melhor forma de emitir nota, o empresário teria desconversado. Disse que não queria deixar digitais no impeachment e o assunto ficou para depois. 

Quantos outros bandidos fizeram o serviço sujo e saíram sem deixar as digitais?

Milhões de coxinhas que seguiram o trios elétricos de MBL, Vem Pra Rua e quejandos estavam na festa do Joesley — que colocaria no poder o amigo que ele frequentava no Jaburu.

A cada dia que passa, um bocó olha para a panela que bateu contra a roubalheira e pensa no que fará com ela. As sugestões são muitas.

Nenhuma delas é preparar camarão gigante.

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