As centrais sindicais e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo realizam, na próxima terça-feira (20), um ato na Praça da Sé, em São Paulo, a partir das 16 horas. A manifestação faz parte do Dia Nacional de Mobilização, da agenda dos movimentos sociais e sindical contra as reformas trabalhista e da Previdência, pela saída de Michel Temer da presidência da República e em prol da convocação de eleições diretas.
“O dia 20 é importante como mais um dia de mobilização. Apesar do total desgaste do governo, do envolvimento em corrupção e na iminência do oferecimento da denúncia pela Procuradoria-Geral da República, o governo continua com a pauta das reformas na Câmara e no Senado”, diz Raimundo Bonfim, coordenador da Frente Brasil Popular e Central de Movimentos Populares (CMP). “É importante a população se manter mobilizada. Além da luta contra as reformas, o ‘fora, Temer’ e Diretas Já também são bandeiras da mobilização. Uma coisa está associada à outra: precisa derrubar o Temer para travar as reformas.”
Segundo o dirigente, o ato unificado terá o apoio de militantes em São Paulo e da região metropolitana. Em relação a cidades em um raio de até cerca de 150 km, a proposta é fortalecer a atividade da Sé. Em municípios mais distantes, também serão realizadas manifestações. Haverá atos em outras capitais do país.
A previsão é de que a reforma trabalhista seja votada na Comissão de Assuntos Sociais do Senado no mesmo dia 20 e, no dia 28, no plenário. As centrais sindicais e os movimentos sociais de Brasília e Goiás têm a tarefa de fazer mobilizações na capital do país, por conta da agenda do Congresso Nacional.
Raimundo Bonfim endossa a avaliação de que a decisão do PSDB de permanecer no governo Temer indica que, para os tucanos, o principal no momento, independentemente inclusive da continuidade ou não de Temer, é a aprovação das reformas trabalhista e da Previdência. “É a sinalização que eles dão para o mercado. Querem passar confiança, querem dizer ao mercado que são confiáveis”, diz.
Na segunda-feira (12), o PSDB decidiu ficar no governo Temer. Segundo o cientista político da Universidade de Brasília Ricardo Caldas, provisoriamente. “Entendo que o partido vai ficar no governo apenas enquanto estiver sendo votada a reforma trabalhista e, talvez, tente avançar a reforma previdenciária", disse.
FHC
A posição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem sido cada vez mais ambígua. Em nota ao jornal O Globo nesta quinta (15), ele afirmou: “A ordem vigente é legal e constitucional (daí o ter mencionado como ‘golpe’ uma antecipação eleitoral) mas não havendo aceitação generalizada de sua validade, ou há um gesto de grandeza por parte de quem legalmente detém o poder pedindo antecipação de eleições gerais, ou o poder se erode de tal forma que as ruas pedirão a ruptura da regra vigente exigindo antecipação do voto”.
FHC não participou da reunião do partido que definiu a permanência na base do governo Temer.
A manifestação do ex-presidente provocou reações na mídia tradicional. A colunista Cristiana Lôbo, do próprio O Globo, por exemplo, publicou uma nota intitulada “A guinada de FHC” em que diz: “O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma brusca inflexão ao defender, nesta quinta-feira (15), a realização de eleições diretas por iniciativa do presidente Michel Temer que, na avaliação de FHC, perdeu a legitimidade para continuar no cargo”.