A Polícia Federal anunciou nesta sexta-feira (23) que concluiu a perícia no áudio entregue por Joesley Batista, da JBS, à Lava Jato. Na conversa, Michel Temer aparece possivelmente dando aval à compra do silêncio de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, operador de propina para o PMDB. Com a conclusão da perícia, a Procuradoria-Geral da República terá cinco dias para apresentar a denúncia contra o presidente e os demais envolvidos.
Segundo o Estadão, isso significa que Temer deverá ser denunciado por Rodrigo Janot na próxima quarta (28). Há expectativa de que o procurador-geral divida em dois o pedido de processo contra o presidente. Um indiciamento seria por obstrução de Justiça, a depender do resultado da perícia, e outro, por corrupção.
Na semana passada, os delegados já haviam concluído um relatório parcial apontando indícios de crime por parte de Temer, pois ele indicou a Joesley Batista o então deputado Rodrigo Rocha Loures para interceder pela JBS junto ao Cade. Após esse acordo, Loures foi gravado pela PF recebendo uma mala com R$ 500 mil em propina de Ricardo Saud, um dos delatores da empresa.
Em outra gravação, Saud explica a Loures que a manutenção do esquema de corrupção no governo poderia render a propina semanal de até R$ 500 mil ao longo de 25 anos, o que poderia ser considerado uma "aposentadoria" aos envolvidos.
O diálogo em que Temer diz a Joesley para "manter" a ajuda financeira a Funaro e Cunha enquanto ambos estão presos precisou passar por perícia após a defesa do presidente, com ajuda da Folha de S. Paulo, contestar a integridade do material.
Assim que Janot apresentar as denúncias contra Temer ao Supremo Tribunal Federal, o ministro Edson Fachin, relator do caso, deverá enviar um pedido à Câmara para processar o presidente. Temer precisa de apenas 1/3 dos deputados para se livrar de ser transformado em réu. É possível que a Câmara tenha de fazer uma votação para cada denúncia feita por Janot, o que estenderá a crise política para Temer.