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Sociedade repudia compra da absolvição de Temer

Ago 03, 2017

Por GGN                                                                                                                          

 

Os deputados governistas não negam ou sequer empenham respostas para as acusações de votos comprados em nome do enterro da denúncia contra Michel Temer na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (02). As transmissões ao vivo de diversos jornais, incluindo a própria EBC (Empresa Brasil de Comunicação), informavam as articulações dentro da própria sessão que se estendeu pela noite para o presidente somar, voto a voto, a sua salvação.

Antes disso, noticiários contabilizavam o preço que o país estava pagando para se chegar ao resultado de 263 votos a favor de Michel Temer, arquivando o processo e impedindo que a denúncia seja sequer investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Pelo menos R$ 17 bilhões, previu o jornalista Jean-Philip Struck, do Deutsche Welle (DW) Brasil.

O montante foi "investido" na liberação de emendas parlamentares a aliados, criação de cargos comissionados e nomeações, em pleno cenário de crise econômica brasileira, contradição evidente na rigidez com que o mesmo mandatário conduz o país, com as reformas, contingências em educação, saúde, órgãos de investigação, e o aumento de impostos para a população, como o dos combustíveis.

 A reação não veio dos parlamentares aliados, que sequer dedicaram a se justificar. Mas da oposição, que duramente criticou o governo e as negociações do presidente para a compra de aliados, e de representantes da sociedade civil. "O dinheiro, na visão desses deputados, conta mais do que a opinião pública para o seu regresso à Câmara dos Deputados no ano que vem", manifestou um dos autores da Lei da Filha Limpa, Márlon Reis.

Em entrevista ao UOL, o advogado expôs a lógica feita pelos parlamentares: "Os deputados pesaram duas situações, considerando qual seria a mais importante para a sua reeleição no ano que vem: De um lado, estava a grande impopularidade de votar na manutenção do presidente Temer na Presidência. De outro, o lado que preponderou, leva em conta a importância das emendas parlamentares, do dinheiro deslocado pelos deputados para suas bases para a reeleição."

 E o resultado, como se pode verificar, foi o segundo: "Diante dessa dúvida, eles consideraram que era mais efetivo receber as emendas, o dinheiro", completou. E a popularidade, tanto de Temer, quanto desses deputados, realmente estava em jogo.

De acordo com pesquisa feita pelo Ibope, na última segunda-feira (31), 81% da população ouvida era a favor da abertura do processo por corrupção passiva contra Michel Temer no Supremo. E para 79% dos consultados, "o deputado que votar contra a denúncia é cúmplice de corrupção". Outros significantes 73% também analisaram que este parlamentar que enterrasse a denúncia não merecia ser reeleito em 2018.

Por isso, foi necessário um grande esforço empenhado por Temer e por sua cúpula de governo para garantir a conclusão de seu mandato. O governo chegou a preparar cartilhas, que foram distribuídas durante a sessão, com sugestões de justificativas e discursos dos deputados que o apoiassem. As frases miravam, basicamente, no teor de que manter Temer era manter as reformas que o país necessitaria.

Da mesma forma, a ONG Transparência Internacional criticou e escancarou o esquema montado pelo presidente para o resultado desta quarta-feira. "Foi um ataque frontal à Lava Jato e a tudo o que ela representa, que é nada menos do que a esperança do povo brasileiro de que finalmente a gente estava virando a página, começando a mudar a nossa história de impunidade absoluta de crimes de corrupção", defendeu o representante da ONG, Bruno Brandão.

"O resultado da votação na Câmara revela que não existe horizonte para a luta contra a corrupção no longo prazo. Ela não vai perseverar, não vai prosperar enquanto não houver uma profunda reforma do nosso sistema político. Isso ficou muito claro", continuou o economista, à reportagem do Uol.

 

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