Não tenho tempo de comentar sobre todas as patacoadas da nossa imprensa golpista. Mas a gente tenta. Sobre a capa da Istoé, alguns comentários:
1) O Brasil é um dos países mais violentos do mundo, tem índices sociais piores que os da Venezuela, e as violências políticas e judiciais em curso no Brasil são piores e mais sórdidas que as supostamente praticadas pela Venezuela.
2) A Venezuela é um país soberano, com um governo eleito pelo povo.
3) O governo do Brasil nasceu de um golpe de Estado, e se mantém no poder por uma violência inaudita aplicada contra qualquer tipo de oposição. A repressão a protestos pacíficos no Brasil nunca foi tão elevada. A violência no campo cresceu desmesuradamente. Lideranças indígenas e sem-terra estão sendo vítimas de grupos de extermínio, com a cumplicidade da nossa grande imprensa.
4) A violência nas periferias das grandes cidades, primeiras vítimas do desemprego causado pela Lava Jato (apoiada pela mídia) e pelo governo golpista, explodiu. Há casos cada vez mais frequentes de violações terríveis de direitos humanos, sobretudo porque o novo governo desmantelou a rede de organizações e ações que ajudam a manter uma rede de denúncias contra esse tipo de abusos.
5) A Istoé é a revista que premiou Michel Temer como “Homem do Ano”, no ano do golpe, 2016. Logo em seguida, foi a revista que registrou os maiores aumentos de repasses federais.
6) A cerimônia do prêmio a Michel Temer reuniu a escória da direita política brasileira, oferecendo a foto histórica de Sergio Moro aos beijos e abraços com Aécio Neves.
7) Dito isso, a capa tem uma certa beleza poética. Ela demonstra o medo atávico que a imprensa corrupta tem de posições firmes e democráticas, como as proferidas por Gleisi Hoffmann em relação à Venezuela.