A delação do operador Lúcio Funaro foi assinada nesta terça (22) com a Procuradoria Geral da República, informa o Estadão. Um dos anexos, de acordo com o jornal, diz respeito ao papel de Michel Temer na organização criminosa formada pelo PMDB na Câmara. Fazem parte da quadrilha investigada pelos procuradores liderados por Rodrigo Janot os atuais e ex-ministros Eliseu Padilha, Moreira Franco, Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves, além de Eduardo Cunha.
Janot pretende usar os dados fornecidos por Funaro para apresentar mais uma denúncia contra Temer antes de deixar a PGR, em setembro. O presidente já foi denunciado por corrupção passiva envolvendo o pagamento de propina da JBS a Rodrigo Rocha Loures, flagrado pela Polícia Federal. Funaro também contribui com o inquérito contra Temer por obstrução de Justiça, a partir do áudio de Joesley Batista informando que estava fazendo pagamentos ao operador, enquanto este estava preso em Curitiba.
Funaro deve começar, na sequência, uma rodada de depoimentos aos procuradores, para abatecer esses inquéritos contra Temer. Ele será mantido nas dependêncas da Polícia Federal em Brasília, para facilitar a locomoção.
O novo delator foi alvo de duas operações, a Sépsis e a Cui Bono. "A primeira apura sua atuação no Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o Fi-FGTS, e a segunda mira sua influência na vice-presidência de pessoas jurídica das Caixa durante a gestão de Geddel Vieira Lima", apontou Estadão.
Só do Grupo J&F, Funaro pode ter recebido, nos últimos 12 anos, cerca de R$ 170 milhões. "À Lava Jato o corretor irá explicar quais políticos participaram dos esquemas que resultaram nesses pagamentos e qual a participação do presidente Michel Temer", prometeu.