Não é preciso mais do que o bom e velho raciocínio cartesiano para entender.
Os governos norte-americanos – ora mais, ora menos explicitamente – não se preocupam com a democracia, seja com seus vizinhos de macrocontinente, seja mundo afora.
Do contrário, não apoiariam e armariam a dinastia da Arábia Saudita, aquela que corta cabeças em praça pública e prende garotos que dançam “macarena”.
O caso na Venezuela, hoje, é esse.
Antes, com Hugo Chávez, poderia ser outro, o de temer a formação de uma liderança continental, um “mau exemplo” para a “turma do quintal”.
Não com Nicolás Maduro, que governa um país dividido e em dificuldades econômicas, divisões e problemas francamente impulsionados pelos próprios EUA.
O Brasil sempre soube, com Fernando Henrique Cardoso e com Lula, assumir um papel de equilíbrio e moderação porque, desde logo, assumiu papel de protagonista.
Desta vez, virou reboque e Michel Temer tenta sair pela tangente diante da exigência de uma intervenção no país vizinho.
Quem não toma a frente, vai atrás dos outros.
Ainda mais quando seu presidente é uma figura notoriamente desimportante, que dá “graças a deus” de haver esta crise na Venezuela para que não seja, solene e completamente, ignorada pelo “grande irmão do Norte”.
Isso independe de simpatias ou antipatias ideológicas pelo governo da Venezuela, mas corresponde ao interesse brasileiro de ser um líder do subcontinente sul-americano e não um impensável agente dos negócios petroleiros dos EUA.
Mas é isso a que estamos reduzidos e, depois das jazidas do vizinho, que já estão operativas, levarão as nossas, ainda em potencial.