A atriz Fernanda Torres, em entrevista ontem no programa Estúdio I, da Globo News, repetiu o discurso de Donald Trump para tentar explicar o momento político brasileiro: “Há radicalismos dos dois lados”, disse ela.
A esquerda foi tirada do poder mediante um golpe parlamentar, artistas são proibidos de apresentar seu trabalho, sindicatos estão ameaçados de fechar as portas por falta de recursos, os direitos trabalhistas foram retirados, terras indígenas estão ameaçadas e tantos outros absurdos acontecem contra o que se pode entender como área da esquerda, e Fernanda Torres diz que o radicalismo é dos dois lados.
A apresentadora Maria Beltrão, ao seu lado, deu um sorriso de aprovação e concordou: “Radicalismos dos dois lados”.
Há alguns meses, quando os chamados supremacistas brancos foram a uma cidade para impedir a retirada da estátua de um líder escravagista, Trump veio a público para dizer que a violência era dos dois lados.
Vindo de Trump, cujo pai vestiu o capuz da Klu Klux Klan, nenhuma surpresa, mas vindo de Fernanda Torres, numa situação similar, é surpreendente.
Fernanda Torres disse que se prepara para enfrentar estes dias difíceis de radicalismo “dois dois lados” nos próximos 20 anos, justamente o período em que vigorará o congelamento dos investimentos públicos na área social — decretado não pela esquerda, mas por Temer, símbolo de um dos lados.
Dias estranhos estes.