Como era facilmente previsível, a “vitória” de Michel Temer ao barrar a segunda denúncia da Procuradoria Geral da República na Câmara, marcou formalmente o início de algo que, há alguns meses, era perceptível: o período em que alguém, formalmente no Governo, já não tem poder de mando e que os note-americanos definem com a expressão lame duck, pato manco.
A viagem oficial de nove dias a Israel e Europa do presidente da Câmara não é apenas – embora seja, também – um aproveitamento de mordomias. É uma “freada de arrumação” pós-votação, para criar o tempo necessário para o que vai ser imposto ao formalmente presidente para continuar no cargo e na proteção que ele lhe dá.
Por isso, já fazendo as malas, Rodrigo Maia deu os sinais claros de que Temer terá de “pedir penico”, ao advertir que nem mesmo as medidas provisórias com que pretende fazer os ajustes ficais necessários ao cumprimento da sagrada meta fiscal de “rombo” de R$ 159 bilhões.
Manda dizer, através de Gerson Camarotti, no G1:
“Tudo agora vai depender de Temer. A insatisfação é enorme. Se quiser aprovar uma agenda mínima, terá que atuar”.
“Terá de atuar” quer dizer entregar os ministérios – e logo – para os grupos que comandam o Congresso, a tempo de que os cargos ajudem a fazer mandatos para 2018.
Quer dizer, também, afastar-se da ribalta, sumir e não atrapalhar o processo sucessório.
Como a vaidade de Temer, mais do que as partes que hoje castigam sua saúde, é, há muito tempo, incuravelmente hipertrofiada, essa será a parte mais difícil de operar, neste ano que lhe resta.
Porque, além de manco, o pato que achou que era cisne, enfeia a casa da direita, agora.