Não falo muito do Sr. Marcelo Brêtas, que vem a ser um Sérgio Moro menos preparado e mais desabrido, embora tenha, como o colega paranaense, o traço autoritário e o uso da função de magistrado para a promoção pessoal.
Mas, ao ler a reportagem de Malu Gaspar, da Piauí, sobre a foto em que ele posa armado de fuzil, a única coisa em que consegui pensar é na vergonha que juízes e profissionais do Direito sentem em ver um juiz federal reduzido àquela caricatura primária e autoritária que se exibe, artilhada.
Ao ponto de, como ele mesmo confessa, as funcionárias de seu gabinete terem-no ameaçado com um demissão coletiva caso não cessasse a pataquada.
É coisa, aliás, de imaginário adolescente, como o que criou, nos anos 70, o personagem de quadrinhos “Juiz Dread”, que fazia sozinho, os papéis de policial, acusador, juiz, júri e executor. Não é à toa que, nos cinemas, foi encarnado por Sylvester Stallone, o Rambo, naturalmente com uma barriga mais “tanquinho” que a sua versão brasileira.
Sinto, de fato, tristeza por eles – e conheço muitos da maior seriedade – mas lamento dizer que a “culpa” por isso é da própria Justiça e deles, que há há bem mais que três anos vêm – em geral – aplaudindo ou, ao menos, tolerando a espetacularização da Justiça.
Um processo que começou com as performances – hoje até discretas – de Joaquim Barbosa e chega, agora, ao nível carnavalesco de Brêtas. Mas quer foi nutrido, neste interregno, por Sérgio Moro, que, aliás, prestou-se ao mesmo acúmulo de papéis que antes se narrou.
Foram-se somando as figuras e hoje o resultado é esse.
Juiz bom, agora, é “matador”, ferrabrás. Um Bolsonaro togado.
Quando todos virarem “Gilmares”, não reclamem.