A REVOLUÇÃO RETRÓGADA BRASILEIRA
“Não há necessidades de provas concretas, bastando indícios para confirmar a sentença condenatória.” (Juiz Gebran Neto, que condenou Lula a 11 anos de prisão sem provas)
Eu gostaria de anunciar ao mundo que o Brasil já não é mais um estado de direito.
Quando iniciei este artigo fui aconselhado por um amigo sueco a não usar a palavra “nazismo” porque na Suécia ainda associamos esta palavra com o histórico nazismo alemão; por isso escolhi a palavra “retrógrada”. Outra palavra controversa é “revolução”. Mas como definir e explicar o que está acontecendo no Brasil sem fazer paralelos com a história? Desde 2015, em apenas três anos, tenho testemunhado cenas grotescas de conservadorismo explícito obsceno. Milhares de pessoas clamando nas ruas e nas redes sociais pela “volta da ditadura militar”, “a cura gay”, “o fim dos sindicatos e das leis trabalhistas”, “congelamento de investimentos públicos por 20 anos”, “censura de arte contemporânea”, “o fim do estudo da história”, “a venda de empresas estatais”, etc
Um general brasileiro, Antonio Mourão, declarou-se a favor da privatização total e pela venda da Amazônia aos americanos. Ele disse que o brasileiro precisa superar a herança indígena, ligada à “indolência” e a herança africana, ligada à “magia”. Tudo isto eu estou ouvindo, em estado de choque, num país que havia conseguido se desenvolver, em um extenuante esforço de 50 anos, desde uma ditadura militar brutal para uma florescente democracia de vanguarda (1964-2014)
Aos 10 anos de idade, em 1964, eu também testemunhei um outro golpe de estado no Brasil. Indiferente ao que estava acontecendo, fui jogar bola na rua com os meninos da minha idade. Tudo estava como sempre esteve. Naquele momento, como hoje, a população não percebeu imediatamente que uma drástica derrocada dos valores democráticos iria acontecer. A ditadura brasileira ficou conhecida como a noite que durou 21 anos, uma das experiências mais traumáticas da história do país. Na ditadura militar, bebês foram torturados em frente aos seus pais.
O Brasil hoje é semelhante à França de Vicky ou à Noruega de Quisling. Sim, este presidente Temer é um usurpador. Temer é o nosso Pétain e o juiz Sergio Moro nosso Quisling. Os “nazistas” ocuparam o país; o nosso Dunquerque foi o impeachment de Dilma. A entrada das tropas nazistas pelo Arco do Triunfo está sendo a caçada e derrubada final do ex-presidente Lula. Quem são os “nazistas”? São os teólogos desta nova religião político-econômica: o Neoliberalismo globalizado.
Lula hoje representa o maior baluarte de resistência nacional em um país invadido e dominado pelo capital especulativo globalizado. Até a Statoil participou do esquartejamento da sua equivalente estatal brasileira, a Petrobrás.
O que acontecerá à Lula e ao Brasil? Existe vida pós Lula? Temos que entender que já estamos vivendo tempos de guerra, extremamente cínicos e pragmáticos. Mesmo que Lula fosse absolvido e eleito presidente, não conseguiria governar. O ano 2018 já foi perdido. A luta será mais longa e mais abrangente. E não se trata apenas da perda da democracia em um obscuro país latino americano chamado Brasil.