O Dia Internacional da Mulher é uma data que homenageia todas as mulheres do planeta. Nada mais merecido. Seja na família, no local de trabalho, nas escolas e universidades, no bairro onde moramos, nos sindicatos, partidos políticos ou no círculo de amizades, é dia de prestarmos reverência a essas guerreiras que, como dizia a saudosa amiga e lutadora destacada da causa da emancipação feminina, Heloneida Studart, "as mulheres carregam o país nas costas."
Contudo, a dimensão de luta do 8 de março vem sendo realçada cada vez mais pelo movimento feminista e demais lutadoras sociais e políticas. E não é para menos. Segundo a Anistia Internacional, o Brasil é um dos países mais perigosos para se nascer mulher. A despeito de avanços institucionais inegáveis, como a Lei Maria da Penha, os dados estarrecedores da da violência contra a mulher teimam em crescer de forma exponencial.
Vamos aos números que cobrem a nação de vergonha : o Brasil é o 5º colocado no ranking mundial de assassinatos de mulheres, com 13 feminicídios por dia, entre os quais 50,3% são cometidos por familiares; entre 2003 e 2013, o número de mulheres negras assassinadas cresceu 54%. E mais : 527 mil estupros acontecem anualmente. 70% deles são cometidos por parentes, namorados, amigos ou conhecidos. E as vítimas são crianças ou adolescentes em 70% dos casos.
Junte-a a esse quadro de horror todo tipo de discriminação e preconceito de gênero e depararemos com uma dura realidade: vivemos em um país no qual a misoginia e a violência contra a mulher impactam negativamente no nosso estágio civilizatório e patamar de desenvolvimento humano. É forçoso reconhecer que o machismo e o sexismo, incentivados pela mídia monopolista e indústria do entretenimento, e que está presente nas relações familiares e na escola tradicional, são fenômenos tão perniciosos quanto enraizados na sociedade.
Não é por acaso que, com mais escolaridade que os homens, as mulheres ganham, no Brasil, 70% do recebido pelos homens; elas, que são 54% da população, ocupam apenas 10% das cadeiras do Congresso Nacional. Este cenário se repete nos cargos mais altos das empresas, nos poderes Executivo e Judiciário, enfim, em todos os órgãos públicos e privados. A luta por empoderamento e isonomia salarial, portanto, está no topo da agenda das entidades feministas.
No longínquo 1911, as funcionárias de uma fábrica, em Nova York, entraram em greve reivindicando a redução da jornada de trabalho de 16 para 10 horas diárias, equiparação salarial com os homens e melhor tratamento no local de trabalho. Depois de invadida pela polícia para reprimir a greve, a fábrica foi incendiada, causando a morte de 125 mulheres. O genial Marx é autor de uma definição antológica, segundo a qual a história só se repete como farsa ou tragédia. E no Brasil de 2018 são justamente as mulheres as mais prejudicadas pela contrarreforma trabalhista de Temer.
Viva a luta das mulheres !
Wadih Damous é deputado federal (PT-RJ)