O fato mais absurdo na escalada de ataques do Ministério Público ao STF é o silêncio da presidente daquela Corte, Cármen Lúcia.
Não se sabe se por inapetência, pusilanimidade ou alguma estratégia, Cármen assiste calada enquanto seu tribunal é enxovalhado por procuradores.
Não demora muito e a República de Curitiba começará a demitir e contratar ministros.
Júlio Marcelo de Oliveira, do TCU, é um ativista político com muito tempo para gastar nas redes sociais para sua “audiência” (a que ponto chegamos).
“A corrupção que comanda o Brasil sobrevive da certeza da impunidade, baseada em três pilares: foro privilegiado, prescrição e visão de mundo de Gilmar, Toffolli, Lewandowski e Marco Aurélio”, escreveu no Twitter.
“Parecem sofrer quando um corrupto é preso. STF hoje faz parte do problema, não da solução”.
Questionado pela Folha, acusou o Supremo de ser “fonte de insegurança jurídica.”
Júlio Marcelo foi quem identificou e denunciou ao TCU as “pedaladas fiscais” do governo Dilma, o que deu fundamento jurídico à denúncia por crime de responsabilidade e culminou no golpe.
Monique Cheker, de Petrópolis/RJ, sugeriu algo mais grave.
“Não há limite. Vamos pensar: os caras são vitalícios, nunca serão responsabilizados via STF ou via Congresso e ganharão todos os meses o mesmo subsídio. Sem contar o que ganham por fora com os companheiros que beneficiam. Para quê (sic) ter vergonha na cara?”, disse.
Ela está tentando justificar essa acusação há horas.
Dallagnol, o patrono da turma, afrontou a decisão do Supremo de cassar a decisão de Moro obrigando José Dirceu a usar tornozeleira.
“Naturalmente, cautelares voltavam a valer. Agora, Toffoli cancela cautelares de seu ex-chefe”, cravou, insinuando um favorecimento.
Eles agem em perfeita sintonia. Cada postagem de Dallagnol é replicada pelos colegas, eventualmente com um adendo com endereço certo.
Todos estão do mesmo lado e a pancadaria recrudesce quando alguém do PT é, no entender deles, favorecido. Oliveira posta as agressões da milícia do Vem Pra Rua contra Lula, chamado de “corrupto VIP”.
O CNMP vai apurar o caso de Monique.
Em março, perguntada sobre como lidava com a revisão da previsão de encarceramento a partir de decisão da segunda instância, Cármen Lúcia respondeu: “Eu não lido. Eu não me submeto a pressão”.
“A Justiça não se intimida”, afirmou ela, reagindo às supostas ameaças que Fachin recebeu (e que ninguém nunca viu, aliás).
Cármen pode estar esperando uma autorização da Globo para responder aos procuradores. Não virá.
A emissora embarcou na afronta ao STF, lembrando que Toffoli foi advogado-geral da União no governo Lula e trabalhou na Casa Civil, sob a direção de Dirceu.
O histórico da indicação de Gilmar Mendes por FHC, entre outros, jamais é lembrado.
Cármen está vendo de camarote seu circo pegar fogo, achando que os Marinhos a salvarão de sair mais queimada do que já está.
A democracia precisa de um freio para esse linchamento bolsonariano empreendido por representantes do MP.