De alguma forma, o incêndio do Museu Nacional é o nosso incêndio do Reichstag, o parlamento alemão incendiado que marca o poder absoluto do nazismo, apenas o corolário nojento e chocante de um processo em curso.
Morte à ciência, ao conhecimento, ao sabermos que viemos de muito longe e de diversas formas de existir.
Nunca faltou dinheiro para os museus do amanhã, do depois do amanhã, do porvir, dos museus que pretendem adivinhar o que seremos de acordo com as forças e tecnologias que nos governam e das empresas que nos dominam.
Àquilo de onde viemos, às nossas raízes como espécie e como civilização, fogo!
Que mal há em que se perca o acervo real, material e palpável?
Logo os substituirão por hologramas e videos, como se as ideias humanas não prosseguissem para além das lápides e não fizessem a História.
As chamas do Museu Nacional são apenas o retrato chocante do que se deliberou fazer: incinerar um país para que o os valores do equilíbrio fiscal, como Nero, possam reinar absolutos.