O WhatsApp é o principal meio de informações relacionadas à política e às eleições deste ano para 61% dos eleitores de Jair Bolsonaro (PSL), segundo pesquisa Datafolha divulgada no início deste mês. Entre os eleitores do também candidato a presidente Fernando Haddad (PT), 38% disseram usar a rede social para este fim, dando preferência para veículos jornalísticos tradicionais ou alternativos.
Para o professor doutor em Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Wagner Romão, o levantamento comprova a intensificação do uso do aplicativo como um meio informativo, mas também revela um “perigo à democracia” por ter se constituído em um dos maiores ambientes de circulação de notícias falsas, as chamadas fake news, utilizado por cerca de 97 milhões de brasileiros.
Hoje, a legislação eleitoral seria insuficiente para dar conta dos impactos produzidos a partir de notícias falsas, já que ela restringe a responsabilização apenas aos candidatos, conforme aponta o professor especialista em Direito Eleitoral Daniel Falcão. Em entrevista à repórter Beatriz Drague Ramos, da Rádio Brasil Atual, ele cita como exemplo a ausência de sanção a Flávio Bolsonaro, filho do presidenciável, que no primeiro turno divulgou postagem falsa sobre suposta fraude na urna eleitoral.
Romão acrescenta que as fake news vêm acompanhadas de imagens preconceituosas e isso ajuda a explicar, por exemplo, a repercussão do movimento #Elenão. Também em função da pouca cobertura da mídia tradicional, a narrativa do protesto foi perdida para os grupos que produziram notícias falsas em prol do candidato do PSL. “Infelizmente aí a gente tem aquela antiga conexão entre os interesses políticos, econômicos com os interesses da grande mídia. Eles agiram para reforçar o fascismo que nós estamos vendo às portas de se tornar governo no Brasil”, lamenta Romão.