Mônica Bergamo informou na coluna da Folha desta terça (30) que o PT pretende dar a Fernando Haddad, depois das eleições, a presidência da Fundação Perseu Abramo, para que ele continue "estabelecendo diálogo com legendas internacionais de esquerda e também viajando pelo Brasil." Ao que tudo indica, a pretensão do PT é deixar Haddad livre de cargos burocráticos, mas com condições de liderar a oposição ao futuro governo Bolsonaro.
A publicação despertou críticas por parte do cientista político Aldo Fornazieri, que entende que este papel colocaria Haddad numa posição "subalterna", quando o petista conseguiu tirar das urnas 45 milhões de votos e, dessa forma, fez por merecer um papel de destaque e com condições de "renovar" o PT.
Na visão de Fornazieri, que também é colunista do GGN, "o único cargo compatível a essa votação e com essa projeção é a presidência do PT. Espera-se que o PT tenha a sensibilidade para entender essa realidade. O PT precisa passar por uma renovação necessária."
Presidir a Fundação Perseu Abramo, na visão do analista, "se trata de uma piada, de conversa para boi dormir. Haddad seria um subalterno de um subalterno, algo incompatível com a votação que ele teve e com a projeção nacional que ele teve."
"Se não derem a presidência do PT, Haddad precisa ver outro lugar para fazer política e ser o líder de fato. Na situação de Haddad, aplica-se a regra de Júlio César: é preferível ser o primeiro nas Gálias do que ser o segundo em Roma. (Claro, depois Júlio César atravessou o Rubicão com suas legiões e tomou Roma)", publicou no Facebook.
A POSIÇÃO DO PT SOBRE HADDAD
Nesta terça (30), durante uma coletiva de imprensa para fazer um balanço das eleições do ponto de vista do PT, a presidente nacional Gleisi Hoffmann disse que Haddad "no nosso entender, tem papel relevante [depois do pleito], tem papel maior que o PT, porque ele sai depositário da esperança do povo na luta pela democracia."
A senadora, eleita deputada federal pelo Paraná, não deixou claro qual será o cargo a ser assumido por Haddad daqui em diante, mas informou que a ideia é que ele seja um "articulador" de uma frente ampla de resistência ao governo Bolsonaro.
Haddad estaria liberado de um posto burocrático, mas seria ungido o "líder da oposição" a Bolsonaro pelo PT, informou a Folha de S. Paulo em reportagem sobre reunião entre os membros da direção da legenda, na manhã de hoje.
"O PT dará todas as condições para que Haddad seja o articulador com outras lideranças e partidos para consolidar a frente de resistência", resumiu Gleisi.