O Diretório Nacional do PT se reúne nesta sexta (30), em Brasília, para debater formas de atuação a partir de agora e, particularmente, após as eleições que levaram o ultradireitista Jair Bolsonaro (PSL) ao Palácio do Planalto. Em entrevista coletiva à imprensa, a presidenta do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que a defesa de Lula é o ponto central da atuação no novo período do país. “Todos os nossos esforços, e inclusive a linha de nossa oposição, está centrada na defesa de Lula. E, segundo, a constituição de uma frente democrática ampla.”
Ela respondeu a várias perguntas sobre a criação dessa frente para enfrentar o governo de Jair Bolsonaro e defender direitos civis e sociais. Segundo a dirigente, seu partido está conversando com PDT, PSB, PCdoB e Psol e outras agremiações. A própria Gleisi já esteve reunida com os presidentes do PSB (Carlos Siqueira), PDT (Carlos Lupi) e PCdoB (Luciana Santos).
Para ela, se uma oposição sem o PT não teria “sustentabilidade”, devido ao tamanho e importância política do partido, por outro lado “o PT não se pretende nem hegemônico, nem (quer) liderar nada”.
Na próxima legislatura, o Partido dos Trabalhadores será dono da maior bancada da Câmara Federal, com 56 deputados, seguido por PSL (52) e PP (37). Entre os possíveis aliados na frente de oposição, o PSB tem 32 deputados, o PDT elegeu 28 e o PCdoB, 9.
De acordo com Gleisi, a aliança deve ser feita entre partidos, mas também com outros setores da sociedade para enfrentar os “retrocessos que virão com o governo Bolsonaro”.
Ela respondeu sobre eventual diálogo com partidos e representantes de centro-direita e indicou Fernando Haddad como possível "ponte" para essas conversas. "Não temos nenhum problema de conversar com pessoas que estejam conosco na luta pelos direitos civis e democráticos. O próprio Haddad é o nome a fazer esses contatos. Aliás, está credenciado eleitoralmente para isso."
Carta de Lula
Em carta enviada ao partido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirma que a democracia, o patrimônio nacional, os direitos dos trabalhadores e do povo estão ameaçados pelo futuro governo, cujo objetivo “é aprofundar os retrocessos implantados por Michel Temer a partir do impeachment contra Dilma Rousseff”.
Ele afirmou que, ao aceitar ser ministro da Justiça de um governo que ajudou a eleger com sua atuação parcial, o juiz Sérgio Moro dissipou as dúvidas sobre seu engajamento político. "Simplesmente saiu do armário em que escondia sua verdadeira natureza." Moro e a Lava Jato “premiaram os corruptos e corruptores da Petrobrás”, segundo ele. “A maioria está solta ou em prisão domiciliar, gozando as fortunas que roubou.”
Haddad
De Nova York, onde participa do lançamento de uma coalizão internacional progressista liderada pelo senador democrata dos Estados Unidos Bernie Sanders e pelo ex-ministro das Finanças da Grécia Yanis Varoufakis, no próximo sábado (1º), o ex-candidato à presidência Fernando Haddad também enviou uma carta ao encontro do PT.
“O avanço do obscurantismo é uma pauta mundial. Os setores progressistas internacionais acompanham com muita atenção e preocupação a escalada antidemcrática protagonizada por nossos adversários”, escreveu Haddad.