Só não dá para dizer que a fala de Jair Bolsonaro na abertura do Fórum Econômico Mundial, em Davos, foi a de um “Rolando Lero”, aquele personagem da “Escolinha do Professor Raimundo” que falava sem dizer nada porque o ator Rogério Cardoso, que fazia o personagem, ao menos se expressava com desenvoltura verbal.
Os 30 minutos previstos para o discurso viraram seis e desperdiçados com declarações que pareciam de de um folheto impresso. Só faltou o “venha conhecer Brasil, sol, samba e carnaval”
Reformas, combate à corrupção, meio-ambiente tudo foi abordado de maneira absolutamente genérica, vaga.
De concreto, propositivo, nada. Já de afirmações ideológicas, quase tudo.
Bolsonaro falava com a tensão visível de quem estava louco para que aquilo ali terminasse logo.
Provincianamente, fez a leitura de parágrafos citando os ministros da comitiva – Paulo Guedes, Sérgio Moro e Ernesto Araújo – como quem procura muletas em auxiliares e não se afirma como líder.
Deu vergonha de ter um presidente brasileiro se mostrando uma nulidade maior que Michel Temer, que fazia o “Rolando Lero” muito melhor.
No final, numas perguntinhas arranjadas com Klaus Schwab, presidente do Fórum, ainda se tentou salvar o fiasco. Não deu.
Se o discurso de abertura era o prato principal da viagem a Davos, o cardápio foi macarrão sem sal e sem molho.