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'Nobel para Lula' ganha reforço de jornal francês

Jan 29, 2019

Por Lilian Milena, no GGN                                                                                                                         

 

Quem quiser indicar um nome para concorrer ao Prêmio Nobel da Paz tem até o dia 31 de janeiro para preencher o formulário no site do Instituto Nobel Norueguês.

Mas não é qualquer pessoa que pode fazer essa indicação. Apenas as que se enquadram nas categorias de deputados, senadores, ministros, presidentes, premiês, membros da Corte Internacional de Justiça de Haia, professores de algumas disciplinas (como história, ciência política, teologia, entre outras), diretores, reitores universitários, ex-ganhadores do Nobel, membros do atual comitê ou de comitês anteriores e ex-assessores da própria organização.

Foi assim que o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi parar entre os sugeridos para o prêmio de 2019. O Nobel da Paz de 1980, Adolfo Pérez Esquivel, enviou uma carta à comissão julgadora sugerindo a homenagem para o ex-metalúrgico.

O arquiteto e escultor argentino foi laureado com a premiação pelo trabalho à frente da fundação Servicio Paz y Justicia en América Latina (SERPAJ-AL). A instituição enfrentava os crimes de tortura e desaparecimento forçado de militantes políticos e agentes comunitários e pastorais durante as Ditadura Militares na América Latina.

Na carta apresentada ao comitê norueguês do Nobel em setembro de 2018, e divulga publicamente, Esquivel defende a indicação de Lula pelas políticas de combate à fome e pobreza.

"Como é sabido, a paz não é apenas a ausência de guerra, ou a morte de uma ou de muitas pessoas, a paz é também dar esperança ao futuro do povo, especialmente aos setores mais vulneráveis, ​​vítimas da "cultura de descarte", da qual fala o Papa Francisco", escreveu.

O Nobel da Paz argentino lançou, ainda, uma petição pública no site Change.org tornando mundial a campanha "NobelparaLula" O abaixo-assinado conta hoje com mais de meio milhão de adesões, incluindo nomes ilustres de dois Nobel da Paz, Jean Ziegler e Eric Fassin, da ativista Angela Davis, do ator Danny Glover e do lingüista Noam Chomsky.

Neste sábado (27), o tradicional jornal francês L'Humanité (A Humanidade) publicou uma edição dedicando a capa à campanha.

“'Os programas Fome Zero e Bolsa Família foram os principais responsáveis ​​pela queda das taxas de desnutrição no país (de 11% em 2002 para menos de 5% em 2007), bem como a redução dos índices de desnutrição. a extrema pobreza que, segundo relatório da Fundação Getúlio Vargas (FGV), caiu 50,6% no período referente ao mandato de Lula. Isso permitiu que o país alcançasse o sucesso histórico de deixar o mapa da fome no mundo da ONU em 2014', destacam alguns ilustres defensores do Nobel da Paz para Lula”, diz o texto do L’Humanité.

Em média, o Instituto Nobel Norueguês recebe 300 inscrições para cada uma de suas categorias. Além do Nobel da Paz, entregue anualmente em Oslo, a instituição oferece cinco outros prêmios nas categorias Física, Química, Fisiologia ou Medicina, Literatura e Economia.

Quem define o ganhador do Nobel da Paz é um comitê formado por membros do Parlamento Norueguês. O nomes indicados permanecem em segredo por 50 anos, mas não é proibido que os responsáveis pelas sugestões tornem públicas suas indicações, como foi o caso de Lula.

Curiosidade: O presidente Donald Trump também foi indicado à premiação deste ano. A sugestão foi encaminhada por 18 representantes do Partido Republicano, que formam a base do seu governo. A justificativa dos congressistas é que Trump tem atuado "incansavelmente para aplicar a máxima pressão sobre a Coreia do Norte", impedindo que o país prossiga com o programa de armas nucleares.

Os vencedores de todas as categorias do Nobel serão anunciados em outubro, e o entrega da homenagem no dia 10 de dezembro, data de aniversário do criador do prêmio, Alfred Nobel.

A seguir, a íntegra da carta que Adolfo Pérez Esquivel escreveu ao Comitê do Nobel.

Receba as saudações fraternas da paz e do bem.

Por meio desta carta, gostaria de apresentar a esta Comissão a candidatura ao Prêmio Nobel da Paz de Luiz Inácio "Lula" da Silva, ex-Presidente da República Federativa do Brasil entre 2003 e 2010, que através de seu compromisso social, sindical e político, desenvolveu políticas públicas para superar a fome e a pobreza em seu país, uma das desigualdades mais estruturais do mundo.

Como é sabido, a paz não é apenas a ausência de guerra, ou a morte de uma ou de muitas pessoas, a paz é também dar esperança ao futuro do povo, especialmente aos setores mais vulneráveis, ​​vítimas da "cultura de descarte", da qual fala o Papa Francisco. Promover a paz é incluir e proteger aqueles que este sistema econômico condena à morte e à violência múltipla.

Segundo o último relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) de 2017, a fome afeta mais de 815 milhões de pessoas no mundo. É um flagelo e um crime sofrido por povos submetidos à pobreza e à marginalidade, que são subtraídos da vida e esperam por ajuda, por gerações. Por esta razão, se um governo nacional torna-se um exemplo mundial de combate à pobreza e à desigualdade, contra a violência estrutural que aflige a humanidade, ele merece o reconhecimento por sua contribuição para a paz na humanidade.

"Lula" Da Silva teve como um de seus eixos fundamentais de compromisso do governo com os pobres a implementação de políticas públicas para superar a fome e a pobreza. Em Janeiro de 2003, em seu discurso de posse como Presidente da República, ele disse: "Vamos criar condições para que todas as pessoas em nosso país possam comer decentemente, três vezes por dia, todos os dias, sem doações de ninguém. O Brasil não pode mais coexistir com tanta desigualdade. Precisamos superar a fome, a pobreza e a exclusão social. Nossa guerra não é para matar ninguém: é para salvar vidas”. E, de fato, o programa "Fome Zero" e "Bolsa Família" foram levados a mais de 30 milhões de pessoas em situação de pobreza extrema, fazendo com que o Brasil fosse mundialmente reconhecido por organizações internacionais como a FAO, o modelo de sucesso do Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (PNUD) e pelo Banco Mundial.

- A percentagem de pessoas que vivem com menos de US$ 3,10 por dia caiu de 11% em 2003 para cerca de 4% em 2012, segundo dados do Banco Mundial.

- Houve uma redução na taxa de desemprego próximo a 50%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. E uma criação de 15 milhões de novos empregos segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego.

- De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o coeficiente de Gini brasileiro foi 0,583 em 2003, e em 2014 foi 0,518, indicando que as políticas sociais implementadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) deixou um Brasil com menos desigualdade social, pois a desigualdade média caiu 0,9% ao ano, no período entre 2003-2016.

- A implementação de programas de educação e saúde pública elevou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, desenvolvido pelo PNUD. Em 2010, chegou a US $ 10,607 dólares renda média anual, à expectativa de vida de 72,9 anos, a uma escolaridade de 7,2 anos de estudo e a uma expectativa de vida escolar de 13,8 anos.

O governo Lula foi uma construção democrática e participativa, com meios não violentos que elevaram o padrão de vida da população e deram esperança aos setores mais necessitados. O mundo reconhece que houve um antes e um depois na história do Brasil desigual, após as duas presidências de Luiz Inácio da Silva. A contribuição de "Lula" para a Paz está nos fatos concretos da vida do povo brasileiro e reforçada pelos estudos de várias organizações internacionais.

Esses resultados dos programas do governo do PT no Brasil para superar a pobreza e a fome não foram uma política de Estado mantida por outros partidos do governo, mas uma política governamental específica, que o Brasil está gradualmente abandonando, como evidenciado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que anunciou que em 2017, o Brasil aumentou em mais de 3 milhões o número de novos pobres, devido às políticas do atual governo.

Por estas razões, com o mesmo senso de esperança que Martin Luther King transmitiu quando disse "Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira", somos muitos que acreditam que o Prêmio Nobel da Paz para "Lula" Da Silva ajudará a fortalecer a esperança de poder continuar construindo um novo amanhecer para dignificar a árvore da vida.

 

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