Jair Bolsonaro parece aqueles que pretendem acabar com as sem-vergonhices tirando o sofá da sala.
Lá de Jerusalem, numa entrevista à TV Record – amigo é pra essas coisas – respondeu ao aumento do desemprego registrado na sexta-feira pelo IBGE dizendo que a metodologia, embora siga padrões internacionais, está errada.
Diz ele que as pessoas que recebem Bolsa-Família e auxílio-reclusão são contadas como empregadas e que a taxa sobe porque a economia está melhorando e as pessoas que tinham desistido de procurar emprego passaram a procurar e, assim, entram na conta dos desempregados.
O sr. Bolsonaro fala asneiras de cabo a rabo.
Receber ou não receber Bolsa-Família não entra na estatística nem para ter nem para não ter emprego, o que entra é estar empregado, procurando emprego ou ter desistido de procurar.
A segunda explicação de Bolsonaro é pior ainda. O número das pessoas que nem sequer está procurando emprego, os desalentados, não só não diminuiu com a tal “melhora na economia” que só ele vê, como, ao contrário, aumentou. Bateu seu recorde histórico: chegou a quase cinco milhões e é 6% maior que o registrado em dezembro-janeiro-fevereiro de 2018.
O presidente parece ter problemas cognitivos, sérios.
E problema pior tem para encarar a realidade e adotar políticas que gerem empregos, em lugar de criar estatísticas que escondam o desemprego.
Quem sabe, por exemplo, começa a agir, por exemplo, evitando que as construtoras demitam 50 mil operários que trabalham no que resta do “Minha Casa, Minha Vida”, na iminência de serem postos na rua porque o Governo não honra os contratos?