Rodrigo Maia aprendeu política na Câmara dos Deputados, onde chegou nas eleições de 1998, com 28 anos de idade.
Natural, portanto, que a entenda como acordos, conchavos, composições e espertezas.
Mas não compreende, talvez, a essência do poder, expressa com perfeição na própria palavra: a relação entre possibilidades e limites.
Forçando a votação, a toque de caixa, da reforma previdenciária com mudanças ligeiras na forma – suficientes para dizer que ela “é do parlamento” – mas mantendo o volume e a crueldade do “trilhão” exigido por Paulo Guedes, realiza as possibilidade e retira limites de Jair Bolsonaro.
No momento em que escrevo, prepara-se para colocar em votação do texto principal. Põe seu cacife numa partida em que ele pretende sair com o vão título de “Senhor Reformas”.
Tolo.
Os donos da reforma, fora das rodas elitista dos meios políticos, são Jair Bolsonaro e suas matilhas que por ela rosnaram nas redes e nas ruas dos domingos.
Os cães não se amansam quando se lhes dá a carne, nem dividem a presa.
Consumada a reforma, terá dado ao Governo o principal. Terá dado também, à sua base de apoio, o caminho de acordar-se diretamente com o governo.
Maia não faz parte do esquema de poder de Jair Bolsonaro e não o fará.
E como Jair Bolsonaro só entende apoio como submissão, ganha força onde não a tinha: a Câmara.
E não será em harmonia com quem se acha vencedor e foi, de fato, vencido.