A escolha de Antônio Carlos Simões para PGR é de alta octanagem. Tem tudo para colocar fogo no formigueiro do MPF. Se alguém quisesse “melar” aquela instituição por inteiro, não poderia ter feito melhor.
O governo Bolsonaro reveste-se de um caráter disruptivo. Quer romper com o passado, com “tudo que aí está”, sem distinguir com clareza entre o que, no processo histórico das ultimas décadas, foi receita de sucesso e o que foi causa de disfunção na governabilidade. Num verdadeiro “carpet bombing”, destrói o que se encontra nos limites do espaço público. Nem o ministério público do golpe escapa.
Antônio Carlos Simões não vai consertar o MPF. Não tem liderança para comandar um órgão voluntarioso com membros atuando de forma autárquica feito metralhadoras giratórias descontroladas. Vai sobrar bala para o chefe. Vão sabotá-lo sistematicamente. Vai ser um conflito doméstico, sem o mínimo respeito aos costumes da guerra. Dele só sobrará tapera. Uma terra arrasada.
Esse MPF transformou o Brasil numa republiqueta bananeira, apontando para os atores políticos e econômicos como raiz de todo o mal, enquanto pagava verbas ilegais a seus membros. O auxílio-moradia, a verba de substituições transitórias em unidades distantes da lotação, a pretensão a pagamento de plantões e acúmulo de ofícios – os procuradores mostraram enorme criatividade para se locupletarem à margem da lei. Mas os podres sempre são os outros, numa casa que exibe um ego coletivo a salvo de toda crítica pública.
Antônio Carlos Simões fará bem ao MPF; implodi-lo-á de vez para permitir um recomeço radical, despido das vicissitudes que o fizeram obtuso, arrogante e golpista. Bolsonaro talvez não se dê conta do grande favor que fará à sociedade brasileira nesse particular.