Eichmann era casado, pai de quatro filhos, tocava violino e praticava esportes. Religioso (protestante calvinista) e patriota, chegou a tenente-coronel, tendo sido agraciado com a cruz de ferro e com a cruz de mérito da guerra. Suas últimas palavras foram vivas à pátria (Alemanha, Áustria e Argentina) e a Deus (“morro a acreditar em Deus“).
Witzel também é casado e pai de quatro filhos. Nascido em Jundiaí, no interior de São Paulo, formou-se no curso técnico de topografia e, aos 18 anos, ingressou na Escola de Formação de Oficiais da Marinha, onde alcançou o posto de segundo tenente. Formou-se em direito e fez carreira como professor. Contudo, apesar de mestre em processo civil e doutorando em ciência política, sua produção científica é desconhecida ou pouco relevante. Durante dezessete anos foi juiz federal, e pediu exoneração para concorrer ao cargo de governador do Rio de Janeiro, que ganhou. Apesar de católico, Witzel defende e vem implementando no Rio de Janeiro uma política de autorização para o abate de criminosos por policiais. Não apenas em situação de confronto, mas pessoas portando fuzil ou em situação suspeita, de modo geral, poderiam ser abatidas. São palavras suas: “a polícia vai mirar na cabecinha e… fogo“.
Eichmann nunca foi um político, mas também não era apenas um burocrata organizando os horários dos trens. Ele tinha consciência do que ocorria nos campos de extermínio, tendo inclusive chegado a testemunhar uma execução em massa de judeus em Minsk. Correspondência e documentos levantados por ocasião do seu julgamento mostram que a preocupação principal de Eichmann era efetuar o transporte dos judeus da maneira mais econômica possível, minimizando impacto sobre operações militares.
Witzel, por sua vez, não é apenas um idealizador das políticas de abate, ele acompanha pessoalmente operações e tem ciência dos assassinatos. Mais do que isso, aplaude e incentiva o abate pela polícia buscando, já desde a campanha, utilizar mortes de criminosos para a promoção de seu projeto político.