Não conheço e não confio no instituto de pesquisas MDA, que ontem
divulgou mais uma pesquisa mostrando um resultado tenebroso no que se
refere à popularidade do governo da presidenta Dilma.
Se não me engano, o MDA estreou nas eleições de 2014. Lembro que no
segundo turno fazia parte do time de institutos, que tinha o inacreditável
Sensus à frente, cujas pesquisas antecipavam a eleição de Aécio Neves.
Deram com os burros n’água.
Quem acompanha política há algum tempo sabe a que interesses servem
os institutos no Brasil, suas malandragens na elaboração dos
questionários, suas amostragens e metodologias muitas vezes voltadas
para referendar uma tese pré-definida por seus donos, o estica e puxa da
margem de erro para favorecer candidatos e partidos de sua preferência,
etc.
O problema em relação ao governo Dilma não é a situação de volume
morto, como diz o ex-presidente Lula, apontada pelas pesquisas, mas sim
a realidade, o dia a dia, o cotidiano na vida urbana e até no interior.
Os números das pesquisas batem com as minhas conversas com taxistas,
balconistas de botequim e padaria, a diarista que trabalha na minha casa,
o entregador de pizza, os parentes nos almoços familiares, o caixa do
banco, o rapaz da banca de jornais, os torcedores do Botafogo com os
quais convivo nas arquibancadas, gente fora do mundo da política.
Enganam-se profundamente os militantes e dirigentes do PT que ainda
insistem em limitar às classes média e alta a forte rejeição ao partido e ao
governo. Nesses estratos não é propriamente rejeição o que se verifica,
mas sim ódio e intolerância. O fato é que a reprovação ao governo se
espraiou por todos setores da sociedade, por todas as faixas de renda,
níveis de instrução, faixas etárias e regiões do país.
Virar esse jogo na classe média baixa e entre os mais pobres só seria
possível com a melhora da economia, mas fundamentalmente se fosse
montada uma verdadeira operação política de guerra por parte do
governo. Aí que está o xis da questão. O governo não emite nenhum sinal
de que pretende finalmente abandonar sua postura alienada diante da
crise e reconhecer a gravidade do momento.
Pelo visto, vai seguir dispensando tratamento apropriado para tempos de
paz em plena guerra. Pelo visto, dobrará sua aposta num ajuste fiscal
impopular e recessivo. Pelo visto, Dilma continuará se negando a ouvir
Lula e percorrer o país em contato direito com o povão, como fez o ex-
presidente na crise do mensalão em 2005.
Como disse o Ciro Gomes, a presidenta dever ter um anjo da guarda muito
forte.