“Vimos a matéria do [Luis] Nassif. Achei bem interessante, porque as declarações dele [Guedes] em Washington tinham gerado muita polêmica sobre a especulação do dólar. É muito grave, quer dizer, primeiro a mudança repentina da Secretaria de Comércio Exterior, que teria cometido um erro sobre o déficit. E também a forma como Guedes colocou as questões sobre o dólar, leva ao modelo especulativo”, disse Valente ao GGN, neste sábado (30).
Em artigo divulgado na última quinta (28), o editor-chefe do GGN, Luis Nassif, alertou para os novos indícios de que as declarações de Guedes em Washington serviram para gerar um movimento especulativo.
Na segunda quinzena de novembro, com o dólar puxado por movimentos na América Latina, o leilão do pré-sal e outros eventos, a Secretaria de Comércio Exterior cometeu um erro estrondoso na divulgação dos números do déficit comercial, que aumentou ainda mais a pressão sobre a moeda, fazendo o dólar bater a casa dos R$ 4,21.
Naquele momento, em vez de apaziguar o mercado, Guedes começou a declarar na imprensa que esse novo patamar do dólar era recebido com naturalidade pelo governo.
Depois do pico e das declarações, o Banco Central começou o processo de reversão, vendendo US$ 1 bilhão. Ao mesmo tempo, a Secretaria de Comércio Exterior admitiu que o erro de 40% nos resultados divulgados em novembro. O dólar então acalmou e houve a realização de lucros dos que compraram no período pré-declarações de Guedes. “É mais um elemento para a Procuradoria de Contas investigar esse episódio inédito, de uso de fake news com insider information”, escreveu Nassif.
A Comissão de Defesa do Consumidor deve discutir os pedidos na terça-feira, 3 de dezembro. Se aprovados, Guedes será obrigado a comparecer. Como o governo tem maioria na comissão, é possível que a convocação seja transformada em “convite”, para atenuar a pressão sobre o ministro.