O TSE deu uma mãozinha ao presidente Jair Bolsonaro ao formar maioria a favor da liberação do uso de assinaturas eletrônicas para a criação de partidos. Nada demais, vale para ele e para todo mundo. E o problema principal da Aliança pelo Brasil não é cumprir a exigência das assinaturas e outros trâmites da burocracia partidária. O maior obstáculo é político.
O problema é que o novo partido do presidente da República — o primeiro a tomar esse tipo de iniciativa no cargo — é um bem de família. Jair Bolsonaro colocou o filho Flávio como principal dirigente, e amigos próximos para organizar o partido nos estados. Ninguém duvida que, com a caneta, a máquina pública e o Diário Oficial nas mãos, o clã consiga organizar formalmente a nova agremiação.
A experiência no PSL mostrou que os filhos encrenqueiros de Jair, assim como o pai, querem mandar e não toleram dividir o poder, e nem ouvir contestações. É o comportamento antítese de quem sai a campo para formar um partido, o que exige composição política e capacidade de agregação. Nesse quesito, não há ajuda da Justiça eleitoral ou da máquina governista que resolva.