As esquerdas e os democratas, começando pelo PT – o maior partido não só em termos eleitorais –, primeiro precisam concordar que vivemos um risco real do autoritarismo e do militarismo, de desmonte do Estado Nacional e de uma regressão social e cultural, dada a ameaça real do conservadorismo religioso.
Assim, a questão democrática está colocada na ordem do dia, mas não há como desligá-la da questão social e nacional. Outro desafio é o apoio popular organizado e mobilizado a uma agenda de reformas estruturais e saber quais são essas mudanças, onde seguramente não haverá acordo com todas as forças políticas e sociais de oposição liberal ao projeto de país da coalizão de direita que hoje nos governa.
O desafio não é apenas eleitoral, a extrema-direita e o conservadorismo disputam conosco a hegemonia na sociedade em geral, daí o ataque total à educação, às universidades, à cultura e mesmo à parte da mídia, para controlar a formação e informação educacional e cultural, hegemonizar a sociedade brasileira e moldar nosso povo à ideologia de extrema-direita, sem limites, com tentativas de censura, ameaças reais de repressão e a real captura do Coaf [hoje Unidade de Inteligência Financeira do Banco Central], da Receita Federal, da Polícia Federal e do Ministério Publico. Hoje, isso é uma realidade.
Não nos iludamos, as pesquisas recentes revelam a realidade, onde a direita tem mais de uma opção, além de Bolsonaro: tem Moro, e ela não é única; o centrão e o chamado centro democrático são também alternativas a Bolsonaro, digamos assim, e contra seus “excessos”, pois concordam no principal, que é manter a histórica atual ordem econômica e social, iníqua, desigual, intolerável – como as revoltas no Equador, Chile e na Colômbia provam.
Mas tenhamos esperanças, as pesquisas também revelam que as esquerdas são uma alternativa, mas não sem Lula e o PT.