De frente para trás:
1) Paulo Marinho, empresário que até há pouco integrava o núcleo duro do bolsonarismo, faz uma denúncia escabrosa à Folha de São Paulo. Segundo o suplente do senador Flávio Bolsonaro, que inclusive cedeu sua própria casa para servir de QG para a campanha de Bolsonaro no Rio, a Polícia Federal avisou ao 01 sobre a operação Furna da Onça, que viria a desvendar o esquema de corrupção das “rachadinhas”, no gabinete do então deputado estadual, na Alerj. E mais grave: o delegado da PF que repassou ilegalmente a informação assegurou que a polícia judiciária brasileira “sentaria em cima” do inquérito para não prejudicar a campanha de Bolsonaro, no segundo turno que disputou com Fernando Haddad, do PT.
2) O então juiz responsável pela Lava Jato, Sérgio Moro, vaza para a imprensa, na reta final do primeiro turno da eleição presidencial, a delação de Antônio Palocci, com fartas acusações sem provas contra Lula, Dilma e o PT. A ação teve o nítido propósito de interferir no resultado da eleição.
3) Também a poucos dias da realização do primeiro turno, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, cassa liminar concedida por seu colega Ricardo Lewandowski e proíbe a Folha de São Paulo e quaisquer outros veículos de comunicação de entrevistarem o ex-presidente Lula em sua prisão de Curitiba. A violação da Constituição é ainda mais grave: em caso de realização de entrevistas, elas teriam que ser submetidas à censura prévia.
4) Contrariando seu procedimento padrão em eleições anteriores, de expor a cadeira vazia do candidato ausente, a Globo cancela o debate final depois que Bolsonaro avisa que não comparecerá. Nem mesmo uma entrevista com Haddad é programada. A falta de respeito de Bolsonaro com os eleitores e o desprezo pelos preceitos republicanos revelados ao não participar de nenhum debate no segundo turno são vistos pela mídia, Globo à frente, como elogiável tática eleitoral.
5) São indeferidas todas as denúncias apresentadas ao TSE pela chapa Haddad/Manuela acerca do festival de mentiras, injúrias e difamações levado a cabo pela campanha bolsonarista ao longo da campanha. Tudo com o financiamento de empresas, o que é vedado por lei.
6) A repórter Patrícia Campos Melo, da Folha de São Paulo, assina matéria com riqueza de provas revolvendo as entranhas do esquema de disparo de mensagens caluniosas via Whatsapp , com patrocínio milionário de empresários. Se contássemos com uma justiça eleitoral séria e zelosa da lisura do processo eleitoral, havia elementos mais do que suficientes para a impugnação da chapa Bolsonaro/Mourão.
7) Uma suposta facada, no mínimo providencial para que Bolsonaro escondesse toda sua burrice e incompetência em uma enfermaria de hospital e usufruísse de uma conveniente vitimização, jamais viria a ser objeto de matéria investigativa da imprensa.
8) A Lava Jato cumpre seu papel no roteiro golpista, condenando, tornando inelegível e prendendo Lula, o candidato favorito do povo brasileiro.
9) Depois de um massacre midiático poucas vezes visto na história do país, a presidenta Dilma é vítima de um golpe de estado, sem ter cometido nenhum crime, nem de responsabilidade e muito menos comum. A quartelada parlamentar conta com a conivência dos demais poderes da República. Antes, Moro libera um áudio para a Globo de um grampo ilegal da conversa entre uma presidenta da República e um ex-presidente. A consequência imediata é mais uma ilegalidade: Lula é impedido de assumir a chefia da Casa Civil.