A história está repleta de exemplos de símbolos, signos e palavras de ordem que foram capazes de impulsionar lutas e mobilizações por liberdade, justiça, democracia e igualdade. E no Brasil envolto nas trevas dos dias atuais não está sendo diferente.
De repente, Eduardo Moreira, um ex-banqueiro indignado com a vergonhosa desigualdade social nativa, lança nas redes sociais uma síntese importante e mobilizadora da resistência da sociedade à escalada autoritária e fascista de Bolsonaro: #somos70porcento.
Da noite de quinta-feira, 28 de maio, quando Eduardo criou a hashtag para cá, é notável seu poder de unificação de um movimento até então difuso, embora com inúmeras iniciativas louváveis e combativas.
Não é à toa que a #somos70porcentro já liderou o top trend twitter, virou notícia no oligopólio da mídia e, melhor, jogou o bolsonarismo nas cordas. Ativistas digitais ligados a Bolsonaro se viram obrigados a ocupar as redes para contestar o dado segundo o qual 70% rejeitam o presidente.
É verdade que essa ofensiva dos democratas foi facilitada pela ação da Polícia Federal que, a mando do ministro Alexandre de Moraes, atingiu o coração da indústria de calúnias, injúrias e difamações, de ataques antidemocráticos às instituições e ameaças terroristas. Empresas especializadas em monitoramento das redes atestam queda significativa de postagens por parte do gabinete do ódio depois do indiciamento da quadrilha.
Mas, percebe-se que as placas tectônicas da resistência finalmente passaram a se mover com mais força e intensidade. Por mais que seja inadmissível o fato de não constar a assinatura de Lula do manifesto "Estamos juntos", das figuras públicas, artistas e intelectuais em defesa da democracia, sua publicação fez a resistência democrática avançar algumas casas.
Igualmente tem grande peso e influência política o outro manifesto ("Basta!"), o dos juristas, pois conta com o endosso de 600 respeitáveis personalidades do mundo jurídico.
E isso tudo aconteceu depois da #somos70porcento. Claro que vinham sendo articulados bem antes e são resultado de um acúmulo de ações, mas o meu ponto é que a hastag tem contribuído para a construção de uma essencial frente ampla para derrotar Bolsonaro e virar o quanto antes esta página nefasta da nossa história