Além de atrasar e suprimir alguns dados do boletim diário sobre a pandemia de coronavírus, com o intuito de evitar reportagens de telejornais em horário nobre, o governo Bolsonaro agora vai revisar, para baixo, o número de mortes por covid-19 no Brasil, porque o considera “fantasioso”. Epicentro da pandemia no mundo, o País registrou na sexta (5) um total de 35.047 óbitos e 646.438 casos confirmados.
Segundo a colunista de O Globo, Bela Megale, o plano do Ministério da Saúde agora é “recontar o número de mortos” por coronavírus. Carlos Wizard, que assumirá a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos da Pasta, afirma que os dados levantados pelas secretarias de saúde dos Estados são “fantasiosos ou manipulados”.
Wizard disse à coluna que os dados oficiais estariam inflados, “apesar de pesquisas já terem demonstrado e do próprio Ministério da Saúde ter admitido, em outras gestões, que há um grande número de subnotificações” de casos, por causa da falta de testes em massa.
O secretário está convencido de que tem “muita gente morrendo por outras causas e os gestores públicos, puramente por interesse de ter um orçamento maior nos seus municípios, nos seus estados, colocavam todo mundo como covid. Estamos revendo esses óbitos.”
Segundo ele, com a revisão, “eu acredito que vai ter um dado mais real, porque o número que temos hoje está fantasioso ou manipulado.”
Nesta sexta, Bolsonaro anunciou que não vai ter mais “matéria no Jornal Nacional” sobre o volume de mortes e casos de coronavírus. O Planalto emitiu ordem para que o Ministério da Saúde só divulgue o balanço diário depois das 21h. O apresentador Willian Bonner precisou chamar um plantão da Globo, às 21h45, para divulgar o boletim ao público.
O Ministério da Saúde também retirou do ar o site que continha os dados sobre coronavírus. Isso afetou a contagem por órgãos internacionais.