A prisão de Fabrício Queiroz realizada num combo das polícias do Rio de Janeiro e de São Paulo, controladas por Wilson Witzel e João Doria, é o mais duro golpe no projeto de poder vivido pela família Bolsonaro. E seu custo político ainda não pode ser dimensionado.
Alvo de investigação no Rio de Janeiro e praticamente já com seu destino selado por conta de uma ação da PF de Bolsonaro, Witzel parece ter guardado sua bala de prata para o momento em que já não tem como se salvar.
Witzel sabia onde Queiroz estava durante todo este período. Também deve ter informações quentes sobre os depoimentos da filha e esposa de Queiroz. Como dos funcionários que trabalharam para Flávio e operavam as rachadinhas.
Witzel sabe a partir de promotores e delegados qual o estado emocional da família de Queiroz. E tem os telefones celulares de Adriano da Nobrega, o miliciano que foi assassinado na Bahia.
Ou seja, a prisão de Queiroz na casa do advogado de Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef, foi algo planejado em detalhes por Witzel. Mas não só. Doria também se envolveu na operação. É uma ação que envolve crimes, mas que tem componentes políticos.
Bolsonaro sabe disso. Anotou o número da placa do caminhão que está atropelando seu filho. A questão que vale milhões neste momento é se ele terá como reagir e se vai tentar reagir.
Porque uma coisa era operar com Queiroz escondido e protegido, outra é com ele nas mãos dos “inimigos”.
Se Queiroz falar, ele expõe as entranhas de Bolsonaro em praça pública. Os próprios bolsonaristas sabem disso. E se isso acontecer, o seu impeachment pode se tornar inevitável.
Sobra ao presidente reagir o quanto antes. E é isso que ele provavelmente o fará.
Mas isso também implica em riscos, porque não terá de combater apenas um inimigo pontual. O jogo não é só contra Witzel, neste caso. É contra as oposições de esquerda, Dória, contra o Supremo e com tudo.
Ele poderia se vitimizar? Sim, se tivesse tranquilo. Se não tivesse um Queiroz que poderá negociar uma delação para se livrar da cadeia e também limpar a barra de mulher e filha.
Mas essa opção não lhe serve agora. Ele terá de lutar.
Contará com os militares para isso ou eles preferirão se livrar do “líder” para substitui-lo por outro, no caso, Mourão?
A jogada mais arriscada da história política de Bolsonaro está por vir. Ele recebeu um xeque hoje. Pode ser xeque mate. Ele pode tentar derrubar as peças do tabuleiro. Mas isso também é muito arriscado.
Muitas emoções nos aguardam nos próximos capítulos. Anotem. Eu diria que as peças chaves dessa história são Natália Queiroz e Márcia Aguiar, respectivamente filha e esposa de Queiroz.