A Covid-19 escancarou o problema do trabalho, e não apenas no Brasil. O seminário do Brookings Institution, com apoio da Fundação Rockefeller, analisou os impactos da pandemia sobre o setor.
Segundo os estudos, a disparidade de renda entre regiões e dentro delas pode determinar o impacto duradouro do Covid-19 na economia.
A Covid-19 escancarou o problema do trabalho, e não apenas no Brasil. O seminário do Brookings Institution, com apoio da Fundação Rockefeller, analisou os impactos da pandemia sobre o setor.
Segundo os estudos, a disparidade de renda entre regiões e dentro delas pode determinar o impacto duradouro do Covid-19 na economia.
Segundo os estudos, o futuro do trabalho exige um novo regime para os trabalhadores não assalariados, a meio caminho entre a precariedade do trabalho autônomo e as proteções do trabalho assalariado, em que os benefícios são vinculados às horas trabalhadas.
Dos anos 90 até o início de 2.000, constata o estudos, nas economias desenvolvidas os mercados de trabalhos foram impactados pela integração da China nas cadeias de valor globais e pela substituição tecnológica.
Mais recentemente, a globalização e a substituição tecnológica derrubaram a demanda por trabalhos de média qualificação, em funções rotineiras. Ao mesmo tempo, houve uma valorização expressiva dos salários mais altos, provocando uma crescente desigualdade salarial.
Ha uma substituição de empregos de baixo salário e alto contato (limpeza, hospitalidade ou atividades de saúde), Por outro lado, os chamados empregos “remotáveis” exigem habilidade e equipamentos que trabalhadores de baixa renda não possuem.
É justamente uma força de trabalho relativamente não qualificada, que explica o fato de ter ocorrido maiores perdas de emprego na América Latina que nos Estados Unidos.
Empregos em vendas, por exemplo, caíram 20% nos Estados Unidos, mas representam apenas 9% do mercado de trabalho. Na Argentina e no México, empregos de venda representam 40% e 47% do emprego formal.
Em alguns países latino-americanos, como na Argentina, há proteção trabalhista generosa para assalariados de alta remuneração – as indenizações por demissão foram dobradas antes da pandemia. Na outra ponta, informais e independentes não recebem nenhuma proteção trabalhista.
A conclusão do trabalho é que, mesmo com as respostas fiscais de cada país, simplesmente aumentar os gastos, sem ampliar a formalização, pode se revelar inadequado.
O trabalho defende políticas ativas do mercado de trabalho, como subsídios salariais e treinamento e educação para ajudar na recolocação dos desempregados.
Um dos exemplos citados são os chamados Cuidadores – trabalhadores que cuidam de doentes ou idosos. É uma ocupação em declínio, enquanto que Auxiliares de enfermagem e Psiquiátricos se mostraram mais resistentes. Essa proximidade poderia facilitar para que, com treinamento e apoio direcionados, os Cuidadores possam migrar para cuidados de enfermagem e psiquiatria.
Do mesmo modo, outra ocupação em declínio, os secretários, poderiam evoluir para ocupações em crescimento, como Supervisores Administrativos, Escriturários de Contabilidade ou Especialistas em Recursos Humanos.
As propostas
A pandemia mostrou que as empresas podem operar com menos trabalhadores ativos. E, aí, configura-se uma tendência de demissões permanentes devido ao impacto mais persistente do distanciamento social.
Nas economias desenvolvidas, automação e digitalização induzidas pela pandemia deverão criar empregos especialmente em ocupações de alta qualificação. Menos viagens e mais trabalho remoto diminuirão a demanda por serviços menos qualificados, como hospitalidade, alimentação e serviços de zeladoria. Ao mesmo tempo, a tributação sobre o trabalho e os incentivos fiscais aceleram a automação de substituição de trabalho.
No caso da América Latina, a previsão é a redução dos salários, o aumento dos trabalhadores de baixa qualificação procurando empregos.
De qualquer modo, não haverá oferta suficiente de trabalho formal para todos.
1. Formalização, ampliação da proteção do trabalho com benefícios portáteis.
2. Investimento programas de desenvolvimento de força de trabalho vitalícia.
3. Parceria com o setor privado para orientar políticas ativas de trabalho e inteligência para criação de empregos com crescimento e produtividade.