Foto: Jiyouji Duque Hoshi Filho
Quem veio a UERJ falar aos estudantes porém, não foi o presidente do Uruguai. Quem falou aos estudantes foi o militante Pepe Mujica. Com todo o peso de sua história de luta e seus 80 anos de coerência com o que acredita ser justo.
Com falas agregadoras, fez seu discurso em nome da democracia e da união pelo certo. Com a sobriedade de um senhor para dizer que não se deve tentar "aventuras de farda", enquanto reafirma a importância da pauta jovem em que o trabalho deve cumprir sua função social. Não deve ser este o ponto central da vida, de maneira que seja um meio para que se aproveite as felicidades da existência. Mujica se colocou no pé de igualdade com os que ouviam, entregando reflexões sobre como deve-se guiar a luta de um jovem. Não brasileiro, não uruguaio, mas do jovem como potência da luta supranacional por todos aqueles que são os esquecidos. "Os pobres da África não são da África, são do mundo inteiro. Os homens que atravessam o Mediterrâneo são nossos. Todos são nossos conterrâneos. A liberdade não se vende, se ganha fazendo algo pelos demais", enfatizou Pepe.
Uma das perguntas feitas pelos estudantes foi sobre suas referências históricas. Pepe responde com um simples "A vida é um livro aberto", como quem entrega aos jovens o poder de escrever a própria história ao invés de seguir um caminho empacotado e entregue como único, ao mesmo tempo dizendo que precisamos "aprender a dor de caminhar coletivamente.".
No auditório estavam presentes as mais diversas forças de esquerda da juventude em um raro momento em que se pode ver o rosto e a forma plena dessa juventude de luta da cidade. Com toda sua contradição intrínseca aos jovens e a pluralidade de uma cidade como o Rio de Janeiro. Pepe Mujica teve esse poder de unanimidade. Sem a preocupação com questões internas e específicas do país, pode alcançar o que há de mais íntimo no sentimento da luta que é comum aos que almejam um mundo melhor.
Clamou para que o jovem que incia sua vida econômica se paute pela liberdade e independência ao poder econômico que lhe é imposto. Que não venda sua liberdade pelo luxo. Que o desenvolvimento é importante, mas não é nada se construído em cima da dor e do sofrimento de alguém. Em suas palavras "A generosidade é o melhor negócio para a humanidade, o pior negócio são os bancos.".