Filipe Martins, assessor para assuntos internacionais do "capetão", é um dos seguidores mais raivosos do filósofo de orifícios Olavo de Carvalho, guru da famiglia Bolsonaro. O gesto dos supremacistas brancos, feito durante sessão no Senado na quarta-feira (24), foi pura provocação. Sua impunidade será um incentivo aos neonazistas nativos, ao ódio racista.
Exibido em vídeo, o sinal feito com a mão pelo olavete forma as letras "W" e "P", significando "white power", "poder branco" em inglês. O gesto é utilizado em atos provocativos e violentos pelos neonazistas da Europa e pelos racistas assassinos da seita Ku Klux Klan dos EUA. Vários destes aloprados inclusive já foram presos em seus países.
A atitude de Filipe Martins gerou reação imediata no parlamento e na sociedade. O próprio presidente do Senado, o sempre dócil Rodrigo Pacheco (DEM-MG), solicitou investigação interna sobre os gestos feitos nas suas costas. Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediu, na bucha, que o fascistinha fosse detido e retirado das dependências da Casa.
A desculpa do cínico não convence
Diante da reação, o cínico assessor do presidente da República, que é metido a valentão, disparou no seu Twitter que estava apenas ajeitando a lapela do seu terno, negou o gesto racista e ainda ameaçou processar os “palhaços que desejam emplacar a tese de que eu, um judeu, sou simpático ao 'supremacismo branco'”.
A sua desculpa não colou. Até o Museu do Holocausto, primeiro espaço dedicado à memória da tragédia no Brasil, reagiu ao gesto nas redes sociais. "É estarrecedor que não haja uma semana que o Museu do Holocausto de Curitiba não tenha que denunciar, reprovar ou repudiar um discurso antissemita, um símbolo nazista ou ato supremacista... No Brasil, em pleno 2021. São atos que ultrapassam qualquer limite de liberdade de expressão".
Como registra a Folha, o assessor não tem como esconder suas ideias fascistoides. “Ele é um admirador do escritor Olavo de Carvalho, guru intelectual do bolsonarismo... Expoente da ala ideológica do governo, ele é considerado, ao lado do deputado Eduardo Bolsonaro, uma das principais influências hoje no Itamaraty liderado por Ernesto Araújo”.
O terrorista da Nova Zelândia
“Não é a primeira vez que ele se vê em meio a um episódio envolvendo supremacistas brancos. Em abril de 2019, ele publicou em sua conta no Twitter um poema que abre o manifesto de Brenton Tarrant, autor de um ataque a tiros numa mesquita na Nova Zelândia que matou 50 pessoas”.
“Tarrant é um nacionalista branco, contrário à diversidade racial, apoiador de Donald Trump e do Brexit e inspirado, entre outros, pelo atirador Anders Breivik, cujos ataques em 2011 mataram 77 pessoas na Noruega... Ao comparecer a uma corte na cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, para responder pelos crimes cometidos, Tarrant fez o gesto racista que significa ‘white power’”.
A Folha lembra ainda que o fascistinha Filipe Martins já usou um lema associado à ditadura sanguinária de Francisco Franco. Ao responder a uma mensagem de feliz aniversário do vereador Carlos Bolsonaro, o filhote 02 do presidente, o assessor terminou com o lema "¡ya hemos pasao!" (“nós já passamos!”) – uma expressão usada pela milícia franquista, que matou cerca de 100 mil pessoas durante a Guerra Civil Espanhola (1936-39).