6 de setembro de 2018 : lançado dias antes à presidência da República em substituição a Lula, o candidato petista Fernando Haddad sobe rapidamente nas pesquisas e sua curva ascendente sinaliza que não só assumirá a liderança em pouco tempo, como é o favorito para a segundo turno.
Até esta data, apenas um debate entre os presidenciáveis havia ocorrido, o da TV Bandeirantes, se não me falha a memória, no qual, claro, Bolsonaro tivera uma participação desqualificada e patética.
Acontece, então, o nebuloso episódio da facada, em Juiz de Fora. Bolsonaro, na sequência, aposta alto na vitimização, transformando a enfermaria e o quarto do hospital em palanques eleitorais.
Tudo com ampla cobertura da imprensa, que descia a detalhes: “hoje o candidato andou pelo quarto”, “Bolsonaro foi ao banheiro pela primeira vez depois da facada”,” finalmente se alimentou sozinho, ingerindo uma papinha.”
De quebra, toda a agenda de campanha foi suspensa, incluindo os temíveis debates. Sim, surgira enfim um acontecimento feito sob medida para evitar que o então candidato do PSL expusesse nos debates toda sua proverbial estupidez e ignorância inacreditável sobre todos os assuntos relevantes para um presidente da República.
Voltar ao caso da facada quase três anos depois segue sendo pertinente, dada a importância histórica do “atentado”. Dá para cravar que sem a facada e as fake news, Bolsonaro não teria sido eleito e infelicitado a nação com um governo de nítida orientação nazifascista.
Por que até hoje, com todo dinheiro e estrutura que possuem, os veículos de comunicação da mídia comercial não se dispuseram a fazer uma matéria investigativa decente sobre a facada?
O que estará por trás disso? Seria o antipetismo doentio e incurável desses meios?
Por acaso sentem vergonha de terem embarcado de forma acrítica na versão oficial sobre a facada?
Será que o comportamento estranhamente cordato com Adélio por parte dos bolsonaristas presentes à cena do “crime” não lhes chamou a atenção, afinal os adeptos de Bolsonaro primam pela violência?
É razoável que seja encarado com naturalidade o fato de Adélio ter sido tratado com civilidade e respeito à sua integridade física pelos brutamontes que cercavam Bolsonaro?
Será que a falta de sangue no local da facada, mesmo sendo possível em ferimentos como esse como se soube depois, não merecia uma investigação mais abrangente, científica e cuidadosa?
Será que a contradição entre a parte da camisa de Bolsonaro rasgada pela facada e o exato local da perfuração no seu corpo não é um detalhe intrigante?
E o colete à prova de balas usado por Bolsonaro em todos os eventos de campanha e deixado de lado justamente em Juiz de Fora?
Alguém se lembra dos nomes dos médicos que atenderam e operaram Bolsonaro, bem como de entrevistas concedidas por eles?
Se o dia-a-dia de Bolsonaro como presidente traz à tona sua flagrante psicopatia, revelando que ele é capaz de tudo para tentar enganar a opinião pública, mentindo e manipulando 24 horas por dia, por que descartar de pronto a possibilidade de o ferimento ter sido resultado de uma trama desesperada partindo dele e de seu staff para ganhar a eleição?
Se depender do cartel da mídia, esperaremos sentados por estas respostas.