As políticas pró-mercado privilegiam desregulação total, livre fluxo de capitais, restrições a todo gasto que retorne para a população, desmonte das políticas públicas em saúde e educação – campos considerados preferenciais para o capital privado.
Desde o século 19, as grandes crises globais foram decorrência da radicalização do pêndulo em favor do capital financeiro. O livre fluxo de capitais impediu o desenvolvimento de países periféricos; a ausência de princípios básicos de direito ao trabalho criou multidões de desassistidos nas grandes metrópoles.
O Ocidente foi salvo pelo New Deal, de Franklin Delano Roosevelt, com sua política de solidariedade nacional e de gastos públicos voltados para a geração de emprego e renda. A demora da Europa em perceber os novos tempos levou à derrocada da democracia e ao aparecimento de regimes totalitários e genocidas, como o nazismo e o fascismo.
O modelo acabou nos anos 70, com o advento da era Reagan, Thactcher, a desvinculação do dólar do padrão ouro. Seguiu-se uma enorme guerra ideológica, na qual os mercados cooptaram a academia para a legitimação de suas propostas. A idéia básica era a de que, dando vantagens totais aos grandes grupos, eles produziriam o desenvolvimento que beneficiaria o conjunto.
O plano Biden
São curiosos os desígnios da história. No Partido Democrata, Biden sempre estava no campo da direita. Ontem, foi acusado de ser mais “esquerdista” que a esquerda do partido. Joga-se na esquerda a pecha de desejar a melhoria da vida da população, a recuperação da economia e do emprego, a universalização de direitos básicos, o comprometimento do orçamento para temas sociais.
Suas propostas incluem um pacote de ajuda econômica de US$ 1,9 trilhão, mais US$ 4 trilhões na construção da infraestrutura, dentro do conceito de economia verde. Haverá apoio a programas de assistência infantil, melhoria do salário mínimo.
Enquanto Paulo Guedes, em evento fechado, fazia a defesa da saúde privada, Biden pedia ao Congresso ações para reduzir os preços de medicamentos e expandir os benefícios do Medicare – o plano de saúde popular criado por Barack Obama.