Ao eleitor mais atento basta ter ido a uma única manifestação de bolsonaristas para entender os motivos do presidente aparecer atrás nas pesquisas de opinião e com a rejeição nas alturas.
Não por acaso esses manifestantes receberam o apelido de gado: são brasileiros que não falam coisa com coisa, babam de ódio, acreditam em cloroquina, que a terra é plana e por aí adiante.
Longe da média do brasileiro comum, trabalhador, empreendedor, gente que leva uma vida, digamos, normal.
O certo é que as pesquisas mostram que a faixa de brasileiros mais pobres se arrependeu do apoio que deu a Bolsonaro em 2018.
Gilberto Kassab, estrategista portador de um olho em terra de cegos, já notou: por essa razão está pulando de canoa novamente.
Diz que o eleitor quer “corrigir o erro de 2018“.
Kassab está coberto de razão: esse eleitor ao qual o ex-prefeito de São Paulo se refere fez a aposta errada e não é louco para insistir no erro.
A consequência do seu voto foi a perda de direitos, a diminuição da renda, a carestia e a sensação de abandono por um mandatário desequilibrado – veja a postura de Bolsonaro na pandemia – e que tem lado, notadamente o agronegócio mais arcaico e a milícia.
Os números do Datafolha mostram que faixa etária mais pobre é uma trincheira inicial quase intransponível de Lula.
Entre os que ganham até dois mínimos, diz a pesquisa, o ex-presidente aparece com 47% já no primeiro turno, com rejeição de apenas 29%.
Nos demais extratos sociais, os números não são tão significativos mas ainda assim revelam que nem todo brasileiro baba feito gado.
De volta ao jogo político, após corrigida sua injusta punição na farsa organizada por Sergio Moro e procuradores na Lava Jato, Lula retoma o controle da sua base eleitoral e começa a dar as cartas no xadrez político.
O Brasil passa a sensação de que vai repetir o que aconteceu na Argentina, Bolívia e nos Estados Unidos, países que apostaram no liberalismo que só favorece o acúmulo de capital, rapidinho se tocaram e optaram por alguém que lhes possa devolver um mínimo de paz e esperança.
Bolsonaro virou um zumbi, um zero à esquerda, cercado de milicianos, apoiadores sem clareza da realidade e um segmento mínimo da sociedade que aposta na sua liderança apenas por interesse financeiro.
Suas chances em 2022 são mínimas.
Se o país não se organizar para um novo golpe no ano que vem, e tudo indica que essa hipótese está descartada pela loucura que foi a aposta num genocida, o céu é de brigadeiro para Lula.
Basta não errar para que o ex-presidente volte a presidir o Brasil pela terceira vez. Lula tem tudo para retornar a Brasília carregado nos braços do povo.