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O próximo passo

Jun 02, 2021

Por José Dirceu, no Poder 360                                                                                                    

 

Foto Sergio Lima/Poder 360

29 de maio foi uma demonstração de nossa capacidade, força e poder de mobilização. Agora, é preciso ampliar a união das forças políticas e sociais, conquistar a adesão de todos que se opõem ao governo genocida. Temos que ser criativos nas formas de luta, mas não podemos recuar das manifestações. Os golpistas precisam saber que estamos dispostos a lutar e vencer.

Para derrotar as bravatas golpistas de Bolsonaro, ocupar as ruas é essencial. Aos que parecem ter esquecido, sempre é útil lembrar que foi a luta do povo nas ruas (e nas urnas) que derrotou a ditadura militar e fez as Diretas, deu cara popular à Constituição de 1988 e pressionou pelo impeachment de Collor. Também foi o povo nas ruas que levou o PT e as esquerdas a conquistarem 4 vezes a presidência da República.

Não há contradição entre ir às ruas e a defesa do isolamento social, exatamente porque é nas ruas que derrotamos o negacionismo de Bolsonaro e de seu governo, responsáveis pela política criminosa que já levou à morte quase 500 mil brasileiros e brasileiras, vidas humanas que contam e que fazem falta às suas famílias e amigos. O negacionismo só faz ampliar a paralisia da economia, agravando a miséria e o desemprego.

Fomos às ruas para pregar a vacina, o isolamento social, o auxílio emergencial e econômico para as empresas e os trabalhadores. Deixar Bolsonaro ocupar as ruas e mobilizar sua base militar e as milícias para construir o golpe, sem reação organizada e pública de seus opositores, é o caminho para a derrota e a volta do autoritarismo militar.

Muito importante nas manifestações foi a presença da juventude e das mulheres, dos movimentos das periferias, vilas, favelas e quebradas. Pediam por vacina e pela vida, mas também por educação, transporte de qualidade, emprego, casa própria. Manifestaram-se contra o racismo, a homofobia, o obscurantismo, a violência policial.

A repressão ilegal e inconstitucional de setores das PMs (Polícias Militares), estimulada pelo Planalto desde que Bolsonaro tomou posse, se manifestou na mobilização do Recife –uma manifestação pacífica e ordeira foi atacada brutalmente com balas de borracha e gás pimenta ferindo gravemente duas pessoas. Felizmente, a atuação ilegal e violenta da PM pernambucana teve resposta na pronta decisão do governador de Pernambuco que fez valer sua autoridade constitucional e o direito sagrado de manifestações pacíficas.

BONS EXEMPLOS

Lá fora, as ruas foram a força determinante que derrotou Trump e o racismo nos Estados Unidos, os golpistas militares e civis na Bolívia, o pinochismo e sua herança neoliberal no Chile, o machismo e a misoginia na Argentina. Aqui, também, serão as ruas que vão dar um basta ao governo autoritário, negacionista e fundamentalista de Jair Bolsonaro.

Fomos às ruas em 213 cidades brasileiras e em 14 cidades no exterior. Quem ficou temeroso de sair às ruas em função da pandemia manifestou-se de sua própria casa, com faixas e bandeiras nas janelas ou nas redes sociais. A força das manifestações teve grande repercussão na mídia internacional. Já a maior parte da grande mídia nacional preferiu, como já fez no passado, minimizar o povo nas ruas, esconder os fatos.

As críticas ao antijornalismo dos meios tradicionais de comunicação –a exceção foi a Folha de S. Paulo– pressionaram os jornalões e mesmo os noticiários de TV a mudar em parte a narrativa nos dias seguintes. Mas o estrago já estava feito.

A mídia comercial brasileira e oposição de direita liberal vivem uma contradição. Querem se opor ao autoritarismo, obscurantismo e fundamentalismo de Bolsonaro, à politização crescente das Forças Armadas comprometidas, desde o golpe de 2016, com a aventura bolsonarista, mas apoiam enfaticamente o projeto  neoliberal de Paulo Guedes. E, mais que tudo, querem impedir uma vitória de Lula.

Como nas Diretas e no impeachment de Collor, querem uma transição por cima, sem povo de preferência, que mude para não mudar nada. À mídia comercial e à oposição liberal –afinal, formam um só corpo– interessa apenas apear Bolsonaro do poder, mantendo a mesma política econômica de exclusão do povo da riqueza nacional e de concentração de renda, de desmonte do Estado, de privatizações, de ocupação pelo capital privado do que deveriam ser políticas públicas.

CONTRAOFENSIVA

Diante das mobilizações dos que se opõem a Bolsonaro –a batalha pelas ruas apenas começou– e da crescente popularidade de Lula, o governo, sua base de sustentação no Congresso e as elites empresariais ensaiam uma contraofensiva em duas frentes que se completam.

Na área econômica, Paulo Guedes e sua trupe, com apoio dos presidentes do BC (Banco Central) –este cada vez mais politizado, tirando a máscara de mais uma enganação liberal–, do BB (Banco do Brasil) e da CEF (Caixa Econômica Federal), reúnem-se com grupos de empresários para expor a estratégia do governo: no momento atual, privatizações e reformas; no 2° semestre, programas sociais; e, no ano que vem, obras públicas.

Apostam na recuperação dos Estados Unidos e da China e, como consequência, na contínua alta das commodities. Só que se recusam a aplicar no Brasil as políticas econômicas responsáveis pela recuperação daqueles países, que se alicerçam no papel indutor do Estado, no investimento público e na redução das desigualdades.

Na área política, Bolsonaro acelera seus planos de confrontação com a sociedade civil organizada e com os partidos de oposição, por meio da mobilização das PMs, das guardas municipais, das academias policiais, dos clubes de tiro, das milícias e de passeatas organizadas com ruralistas, caminhoneiros e motociclistas. Seu objetivo é amedrontar e ameaçar o país com um golpe, apoiando-se na tese da fraude eleitoral e do voto impresso.

Esse movimentos evidenciam a necessidade da unidade das forças democráticas e de esquerda para enfrentar Bolsonaro e seu autoritarismo. O quadro foi agravado com a atual crise militar em torno da punição legal e imperativa do general da ativa Eduardo Pazuello, que infringiu o Regulamento Disciplinar do Exército e a Constituição ao participar de manifestação política.

Não se trata de uma simples crise de autoridade do comandante do Exército versus a autoridade do presidente da República. O que está em jogo é se vamos aceitar ou não a tutela militar, os militares como árbitros políticos do país, poder moderador, seja como instituição ou por meio de um ou outro general. Ou, no caso, sob o comando de Bolsonaro e “seu exército”.

As mobilizações vitoriosas de 29 de maio não descartam a necessidade da unidade de todos os democratas na luta contra Bolsonaro. Nossa vitória em 22 só será possível se combinarmos as mobilizações com a união, em torno de uma candidatura de esquerda, de amplas forças políticas e sociais capazes de derrotar os planos golpistas de Bolsonaro e realizar um governo de mudanças estruturais.

Mídia

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