Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), respondeu duramente ao presidente Jair Bolsonaro na sessão da CPI desta quinta-feira (8), que ouve a ex-coordenadora do Plano Nacional de Imunização (PNI) Francieli Fantinato. Sem entrar em detalhes e sem prova, no “cercadinho” em que fala a seus seguidores, o chefe do governo acusou Aziz de ter desviado R$ 160 milhões. O senador desafiou Bolsonaro a procurar onde ele é réu ou denunciado. O ataque “vil” – disse – é baseado em informações “de compadrio” e é uma cortina de fumaça do presidente para evitar explicar as denúncias contra seu governo na CPI e sobre o escândalo da vacina indiana Covaxin.
“Hoje, eu, o vice presidente da CPI e o relator estamos mandando uma pequena carta ao senhor (uma notificação oficial), presidente, para o senhor dizer se o deputado Luis Miranda está falando a verdade ou mentindo”, disse. “É só uma resposta, presidente. Diga! Diga à nação brasileira que seu líder na Câmara é um homem honesto”, desafiou, em tom de voz acima de sua postura usual, em referência ao líder do governo Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).
‘CoronaVac é eficaz’
Em seu depoimento, Francieli surpreendeu. Mesmo como investigada, respondeu questões com postura competente e firme. Defendeu as vacinas, se disse contra imunidade de rebanho e comentou a política de imunização do governo federal, do qual não teve respaldo. “Quando um líder da nação não fala favorável à vacinação, a minha opinião pessoal é que isso pode trazer prejuízos”, disse.
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), atendendo a pedido do vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP), desclassificou a depoente Francieli Fantinato de “investigada” para “testemunha”. Segundo Randolfe, a fala da ex-coordenadora do PNI foi fundamental e esclarecedora, o que justifica a medida. Com isso, segundo afirmou Eliziane, a quebra de sigilo telefônico e telemático de Francieli será suspenso.
Sem vacinas, sem campanha publicitária
Ela criticou também a falta de vacinas suficientes no país e a falta de campanhas publicitárias do governo para informar a população sobre a importância da vacinação. “Faltou para o PNI, sob a minha coordenação, quantitativo suficiente para a execução rápida de uma campanha, e campanhas publicitárias para a segurança dos gestores, profissionais de saúde e população brasileira”, disse. “Para uma campanha de vacinação funcionar precisa ter vacina e campanha publicitária. Infelizmente, eu não tive nenhum dos dois.”
Francieli declarou aos senadores que deixou o cargo “por questões pessoais”, mas destacou: “existe uma politização do assunto, por meio do líder da nação, que traz elementos que muitas vezes colocam em dúvida (a vacinação)”.