O presidente genocida Jair Bolsonaro bate o pé pelo voto impresso nas eleições presidenciais de 2022.
Enquanto ele faz ameaças para fazer valer o seu desejo, a Proposta de Emenda Constitucional 135/2019, a PEC do voto impresso, continua em debate no Congresso Nacional.
Por isso, seguem algumas considerações para os que prestigiam a politização dos temas sem sectarismos.
Voto impresso é para ser conferido e não ser entregue em mãos e espalhado pela rua.
Uma coisa é o voto impresso guardado em urna para conferir relatórios totalizadores de votação por amostragem! Isso eu defendo! É o mínimo que se pode exigir de eleições limpas.
Outra coisa é voto impresso ambicionado por Bolsonaro.
O voto impresso dele não é o voto impresso automático nas urnas eletrônicas.
Bolsonaro quer o voto impresso na mão do eleitor. Para chantagear e ameaçar quem vota.
Ele quer retroceder o país para votos em papel, negociando com os bandidos na porta da seção eleitoral.
Todos sabemos que não se pode entregar cópia do voto impresso ao eleitor.
Primeiro, porque ele será chantageado a mostrar em quem votou.
Segundo, porque vai morrer ou ser comprado para votar em alguém.
O voto impresso, portanto, não pode ser entregue ao cidadão.
O comprovante do voto deveria ser impresso de forma não identificável e guardado para conferir fraudes por amostragem ou por censo. Isso é proposta democrática. O resto é discutir enganando.
O voto, aliás, pode e deve ser auditado por amostragem justamente para evitar golpes por alegação de fraude como na Bolívia.
Faz muito tempo que sabemos das vulnerabilidades do sistema à corrupção do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Se o TSE resolver sabotar as urnas, a programação central e “inviolável” será violada em Brasília diretamente por quem faz o programa de totalização das urnas.
Será por meio de um programa do tipo “James Bond”, que se autodestrói e instala a versão correta logo após emitir o relatório final do dia de votação, assim que virar a hora e a data da contagem.
Todos sabemos que a única arma contra isso é colocar cópias impressas dos votos em urnas anexadas a cada máquina de votação, com a possibilidade de o eleitor ver o voto em papel impresso detrás de um painel transparente antes que a cópia do voto entre na urna.
Voto impresso é necessidade que a Venezuela já tem com as mesmas urnas eletrônicas e que derrubou todas as acusações de fraude.
Todas as eleições na Venezuela são conferidas por amostragem e as urnas eletrônicas de lá nunca foram programadas para alterar o resultado.
Graças aos modelos obsoletos do Brasil, que ainda roda os Dodges, não se pode dizer a mesma coisa aqui.
Essa discussão deveria ser partidária para saber se a tática de recusar a votação do voto impresso em conjuntura neofascista contradiz a estratégia de a longo prazo apoiar a implantação de votos que podem ser auditados.
Nenhum partido político do espectro da esquerda fechou posição.
Deixamos o navio ao sabor do grupo que comanda o Congresso sem questionar a rota.
O que não dá é para enganar a população, dizendo que todo voto impresso é contra a democracia.
Se utilizado de forma correta, o voto impresso é o contrário, ou seja, uma garantia para a democracia.
De minha parte, acho aceitável rejeitar o voto impresso se todos os partidos de esquerda concluírem que a conjuntura aconselha a tática de não permitir agora esse tipo de votação.
Vale lembrar que isso só é assim porque, de um lado, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem juízes contrários a qualquer tipo de auditoria eleitoral — Gilmar Mendes, Fux, Fachin e Alexandre Moraes.
De outro lado, os presidentes da Câmara e do Senado são aliados dos ultraneoliberais fascistas do Executivo.
Tática e estratégia políticas sempre foram os nós que dividem as esquerdas e unem os banqueiros fascistas com a direita.
Politizar implica expor claramente os motivos e as razões das decisões temporárias ou a longo prazo. O temporário é tático. Longo prazo, estratégico.