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Pode uma concessão pública censurar um ex-presidente?

Nov 16, 2021

Por Bepe Damasco                                                                                                           

    Foto: Ricardo Stuckert                                                                                                                       

Uma concessionária de radiodifusão do poder público, como a Rede Globo, não fere o interesse público e viola regras de concessão quando adota o procedimento de invisibilizar um ex-presidente da República, favorito para ganhar as próximas eleições?

E quando esse ex-presidente faz um giro pela Europa e se encontra com importantes lideranças políticas, dentre eles o futuro primeiro-ministro da Alemanha, país que é o carro-chefe da União Europa, telespectadores e ouvintes da concessionária não têm o direito de saber?

A censura ao discurso de Lula no Parlamento Europeu, um dos espaços de maior prestígio da cena política internacional, pode ser vista com a naturalidade de uma mera decisão editorial?

E razoável que a ovação a um ex-presidente - aplaudido de pé pelos integrantes do Parlamento Europeu – não seja noticia para as tevês brasileiras,  enquanto o fato ganha repercussão em veículos de comunicação ao redor do planeta?

Propositalmente nessas indagações deixei de lado a mídia impressa, pois embora os nossos jornalões sejam igualmente casos perdidos no tocante ao cumprimento de preceitos básicos do jornalismo, revolvi focar no aspecto legal, na verdade ilegal, da censura a céu aberto praticada pela Globo e suas irmãs siamesas.

Muita gente ainda pensa que a família Marinho é dona da Globo, o bispo Macedo da Record, Sílvio Santos do SBT e que os Sayad são proprietários da Band.

 Infelizmente, as pessoas têm dificuldades de entender que o espaço por onde trafegam as ondas eletromagnéticas de rádio e TV é público. Se é público, teria que ser de todos. 

Mas está longe de ser assim no Brasil. Com a cumplicidade do mundo político, conquistada com muito dinheiro e favores, os barões da mídia deitam e rolam, enchem as burras de reais, dólares e euros e se lixam para os compromissos com a sociedade que todo concessionário deveria ter.

A farra de aluguel de espaços na TV para os telepastores neopentecostais, em inaceitável afronta ao Estado laico, é só uma das incontáveis aberrações  e ilegalidades com as digitais das famílias que controlam as plataformas de comunicação do país.

A mídia comercial brasileira se supera em termos de manipulação e pobreza de espírito.

Ao mesmo tempo em que censura Lula, dedica horas de cobertura ao turismo com dinheiro público que Bolsonaro e sua entourage de desocupados fazem pelo Oriente Médio.

Democratizar a mídia é democratizar o Brasil.

 

 

 

 

 

Mídia

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