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O desenhista, jornalista e escritor Henfil tem suas memórias relembradas no livro inédito Sick da Vida – As grandes entrevistas de Henfil. A obra, organizada pelo jornalista Gonçalo, Junior revive a genialidade criativa do cartunista. Desse modo, relembra como ele possuía uma visão peculiar de mundo. Aqui, exposta em entrevistas e depoimentos.
Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Gonçalo Junior relata que o livro levou mais de 10 anos para ser produzido por conta do desafio de garimpar as inúmeras conversas do artista. O resultado foi a junção das 18 consideradas maiores e mais importantes pelo autor, algumas extraídas de veículos como as revistas Playboy e Veja, além do jornal O Pasquim, onde Henfil se consagrou entre as décadas de 1960 e 1990.
“Esse é um livro que fui garimpando ao longo dos anos, juntando muitas peças. Depois, tive que contatar o filho dele para autorizar o livro. Só em outubro de 2021 ficou em pronto. O Henfil sempre tinha algo interessante para dizer, ele nunca repete respostas. Ele falava sobre tortura, liberdade de imprensa, redemocratização, ou seja, o livro não possui repetições. Inclusive, há quem diga que a expressão “Diretas Já” foi criada por ele, em seus desenhos’, afirma Gonçalo, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas.
Além de apresentar falas inéditas do cartunista, o livro sobre Henfil é considerado fundamental para conhecer o quanto o humor gráfico foi importante na luta contra a ditadura. Na prática, reconstrói a história e ajuda a explicar o Brasil de hoje. Para lançar a obra, Junior abriu campanha de financiamento coletivo – que vai até a noite deste sábado (8). Ele relata que a maior parte dos apoiadores foram pessoas mais velhas, lamentando a pouca participação de jovens.
Henfil tinha uma forma peculiar de ver o que acontecia à sua volta. As tiradas geniais do cartunista tornam a obra fundamental para conhecer o quanto o humor gráfico foi importante na luta contra os arbítrios na ditadura. O cartunista teve uma atuação marcante nos movimentos políticos e sociais pela democratização do país.
“Acredito que Henfil tenha sido o maior cartunista da segunda metade do século 20, no sentido de ir além do seu trabalho para lutar contra uma ditadura. Quem viveu sob aquela época, sabe da força dele, porque ele enterrava os inimigos da democracia em suas artes. Ele foi firme até o fim”, defende o autor.