Os comentaristas econômicos do Sistema Globo ensaiaram direitinho a narrativa. Atolados até o pescoço no apoio à vampirização do povo brasileiro promovida pela Petrobras ao transferir para os acionistas privados da empresa bilhões de reais na forma de dividendos, os porta-vozes da família Marinho, agora, apelaram para o humor.
Em ordem unida, todos os comentaristas e âncoras passaram a difundir o mantra segundo o qual qualquer subsídio ao preço da gasolina é inaceitável, pois beneficiaria os ricos na hora de encher o tanque de seus carrões.
Pausa para a risada.
Mudar as regras da exploração do petróleo e da apropriação do lucro com sua comercialização foram alguns dos objetivos centrais do golpe de estado de 2016, delirantemente aplaudido pela Globo.
A empresa defende com fidelidade canina a regra que define os preços dos combustíveis com base na cotação do preço do barril do petróleo no mercado internacional e na variação do dólar adotada desde o governo golpista de Temer e seguida por Bolsonaro.
Hoje, a tese da Globo para rechaçar as propostas de mudanças nessa política de preços, que elevou os valores da gasolina, do diesel e do gás de cozinha a patamares inalcançáveis para a grande maioria da população, é pregar subsídios para o diesel e o gás de cozinha, mas não para a gasolina.
De uma hora para outra, a Globo resolveu esconder o que qualquer vestibulando de economia sabe: combustíveis caros (no caso atual, pela hora da morte) incidem negativamente sobre toda a cadeia produtiva, pressiona a inflação e penaliza justamente a grande massa de pobres.
E mais: não é verdade que apenas os abastados das classes média e alta consumam gasolina. Dezenas de milhões de pessoas no Brasil, embora pobres ou de classe média baixa, têm seu carrinho, em geral comprado com muito sacrifício e pago em prestações a perder de vista.
Pois bem, o direito desses brasileiros de passear com a família nos fins de semana, ou usar o veículo para fazer um bico ou trabalhar regularmente é que está sendo cassado pelos preços antipovo da Petrobras.
Enquanto isso, em uma inversão completa de valores, já que a União é a acionista majoritária da maior empresa brasileira, e não os acionistas privados, sejam do Brasil ou do exterior, a Petrobras lucrou nada menos que R$ 105 bilhões em 2021 e distribuiu uma montanha de dividendos aos seus acionistas, em detrimento do empobrecimento do povo. Só o general entreguista Silva e Luna, presidente da empresa, amealhou 1,5 milhão a título de bônus.
Sem meias palavras, o povo está sendo assaltado. É disso que se trata.