Foto: Ricardo Stuckert
Não são poucos os lutadores políticos e sociais do campo progressista que insistem em identificar o “salto alto” da pré-campanha de Lula à presidência da República como um problema sério e paralisante a ser superado.
O estranho é que a preocupação nunca vem acompanhada da citação de um fato concreto sequer que corrobore a hipotética acomodação política do candidato a presidente que concentra a esperança de todos que sonham com a reconstrução do país.
É como se Lula e seu partido tivessem que se ajoelhar no milho, para se penitenciar pela liderança em todas as pesquisas de intenção de voto.
Por acaso revela acomodação o movimento que Lula faz em direção ao centro político, ao detectar corretamente que muito mais do que uma eleição está em jogo o embate entre a civilização democrática e a barbárie fascista/bolsonarista?
Como considerar acomodado um candidato cujo avanço da presença nas redes sociais é reconhecido por empresas e especialistas da área?
Que diabo de salto alto é esse que faz com que Lula venha concedendo um sem número de entrevistas diárias a emissoras de rádio, especialmente para programas com forte audiência e penetração nas camadas populares?
Como pode Lula ser acusado de “dormir em berço esplêndido”, se ele tem viajado pelo país fazendo contatos que vão praticamente de A a Z do espectro político?
Como apontar um clima perigoso de “já ganhou” na campanha de um candidato que, sempre que possível e as restrições impostas pela lei eleitoral permitem, reúne milhares de pessoas para ouvi-lo, como aconteceu recentemente na Uerj, no Rio de Janeiro?
O que tem a ver com acomodação e arrogância o esforço que o PT faz para dar vida à federação com os partidos de esquerda? Cabe lembrar que a federação só não será maior porque o PSB desistiu de participar.
Claro que a campanha tem problemas, como todas. Aliás, quanto maior é a envergadura política de uma campanha, mais é necessário administrar a usina de problemas de toda ordem que surgem. Também espero uma eleição dificílima, pois teremos contra nós as forças da mais baixa extração presentes na sociedade, a autêntica essência do mal.
Eleição, como tem alertado o José Dirceu, se decide na dinâmica da campanha. O exercício da crítica entre nós, claro, é sempre bem-vindo. Melhor ainda se pautado em fatos reais, e não em elucubrações abstratas.