No sertão do Pajeú, evento com Lula reuniu milhares de apoiadores na cidade de Serra Talhada. TV PT/Reprodução
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, a milhares de pessoas na cidade de Serra Talhada, no sertão de Pernambuco o “pacote de bondades” do governo Bolsonaro. Ele lembrou que há dois anos o PT reivindica aumento de R$ 600 reais para o Bolsa Família, mesmo valor que o Congresso aprovou recentemente para o Auxílio Brasil, com validade apenas até o final do ano. E criticou os R$ 41 bilhões em recursos da União que Bolsonaro pretende gastar para tentar ganhar as eleições. “Não dá, nessas alturas do campeonato, pra gente acreditar em bondade desse genocida”, disse Lula, que lembrou, por exemplo, que Bolsonaro não disponibilizou as vacinas contra a covid-19 “no momento em que a ciência determinava”.
“Vou dar um conselho. Se aparecer dinheiro na conta de vocês, peguem. Se vocês não pegarem e acabar as eleições, o Guedes (ministro da Economia) pega para ele. Tem que pegar o dinheiro, comprar comida para a família e na hora de votar, deem uma banana para ele. E votem em que vai resolver os problemas de vocês”, disse Lula
Lula alertou que as eleições desse ano não serão iguais às anteriores. “Estamos fazendo uma disputa entre uma candidatura que defende a democracia, o Estado democrático de direito e os direitos humanos. E estamos com o outro candidato que é um negacionista, um desumano”, afirmou.
“Brasil é modelo”
Nesse sentido, o pré-candidato voltou a rebater os insistentes ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas. “É um cidadão que mente inclusive sobre as suas próprias eleições“, disse Lula, citando as diversas vezes em que Bolsonaro foi eleito como deputado, e também como presidente. Afirmou que nenhum embaixador levou à sério as afirmações do atual presidente contra o sistema eleitoral, “porque a eleição no Brasil é modelo para o mundo inteiro”.
“Se pudessem roubar na urna eletrônica, acham que o Lulinha teria sido presidente em 2002 e 2006?”, ironizou. “Se pudessem roubar, acham que uma mulher que passou três anos e meio na cadeia, que foi torturada, teria sido eleita em 2010 e reeleita em 2014?”, disse, em referência à ex-presidenta Dilma Rousseff.
Pedido de socorro
Dona Buruca, liderança comunitária em Serra Talhada, afirmou que os nordestinos precisam da volta de Lula para matar a fome e a sede, que estão voltando na região. “Lula, você tirou o cavalo e o jumento e deixou o homem no carro e na moto. Mas ele não pode mais rodar. Não pode comprar gasolina”, reclamou Dona Buruca, sobre a inflação dos combustíveis. “Ou vende, ou a ferrugem vai comer”.
Ela também destacou a quantidade de gente que perdeu seus entes queridos pela falta da vacina contra a covid-19. “Lula está de volta, ele vai voltar”, clamou dona Buruca. Lula ressaltou que o atual presidente não derramou “uma lágrima” pelas mais de 670 mil vítimas da pandemia. E que também não visitou as crianças que ficaram órfãs, ao terem seus pais levados pela doença.
O ex-presidente afirmou que tem consciência que a atual situação do país é muito difícil. Mas disse acreditar na sua experiência administrativa, e do seu pré-candidato a vice, Geraldo Alckmin. “Nós provamos, em apenas pouco tempo de governo, que a gente pode consertar o Brasil com muita rapidez”. Além disso, afirmou que ele próprio está com o “coração maior” e a cabeça “mais ágil”, com mais “vontade” do que em 1989, quando disputou a presidência pela primeira vez. “O Brasil está pior, mas Lulinha está melhor”.
Aliança com o PSB
Assim como havia feito horas antes em ato público em Garanhuns, Lula voltou a declarar apoio ao pré-candidato ao governo de Pernambuco Danilo Cabral (PSB). “Não vim aqui para ser contra ninguém, mas para dizer que aqui em Pernambuco eu tenho candidato, e o nome dele é Danilo Cabral. Temos um acordo com o PSB, que é nacional”, frisou. Ele reafirmou que, para derrotar o “fascista” e “recuperar a democracia”, é preciso ampliar ainda mais as alianças.
Por sua vez, Cabral ressaltou a parceria que Lula desenvolveu com o então governador Eduardo Campos (PSB). E disse que o atual governador, Paulo Câmara (PSB), não teve “a felicidade” de ter um presidente que o ajudasse, fazendo menção a Bolsonaro, a quem chegou a chamar de assassino. “Mas vamos fazer esse reencontro. Pernambuco vai se reencontrar com o Brasil”.
Como credenciais, Cabral ressaltou que votou contra as “reformas” da Previdência e trabalhista, bem como também foi contra o Teto de Gastos, durante os seus mandatos como deputado em Brasília. Lembrou que foi Lula quem “tirou do papel” o sonho de levar água ao sertão do Nordeste, através da transposição do Rio São Francisco. Mas ressaltou que o projeto está ameaçado, porque o governo Bolsonaro ameaça privatizar a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), entregando assim à iniciativa privada o controle das águas.
Paulo Câmara também falou em Serra Talhada e ressaltou a parceria entre Lula e Alckmin, pela “unidade em favor do Brasil”. “Vocês estão vendo o que está acontecendo com o país. São pessoas que só têm ódio e rancor, que querem trazer o medo. Mas o medo não vai vencer, porque o Brasil sabe ser feliz”. Com Lula, disse o governador, Pernambuco vai ter mais empregos e mais acesso aos serviços públicos, como Saúde e Educação, que necessitam serem “reconstruídos” em nível nacional.