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Trabalhador é demitido por justa causa por apoiar Lula

Out 15, 2022

Por CUT                                                                                                                                           

 

Foto: Reprodução

Em Natal (RN), um trabalhador estava de licença médica, mas ousou ir a uma manifestação pacífica e que não exigia esforço algum, em apoio ao ex-presidente Lula (PT), que disputa o segundo turno da eleição com o presidente Jair Bolsonaro (PL), no próximo dia 30.

Dias depois, ele foi demitido pelo Supermercado Nordestão por justa causa porque foi visto na manifestação. Poderia, no máximo, receber uma advertência, dizem advogados trabalhistas.

A reportagem do PortalCUT relatando a demissão e a ação de dirigentes sindicais que vão recorrer à justiça para reverter a demissão que consideram injusta e ilegal, bombou nas redes sociais, com muita gente se perguntando quem é o trabalhador demitido por ser eleitor de Lula?

Fomos descobrir a história por trás da perseguição política e conversamos com o trabalhador. O nome dele é Cleyton Silva de Araújo, tem 35 anos, é casado, sem filhos e, claro, está tentando se recuperar emocionalmente da penalidade sofrida.

Cleyton, que é negro, deficiente físico e cipeiro – trabalhador eleito pelos companheiros da empresa para atuar em programas que inibam os riscos no ambiente de trabalho - contou que assina com o nome social tradicional de Doté Olissassi e falou sobre seu recheado currículo e suas inúmeras atividades político sindicais.

Doté é pedagogo, pós-graduado em Gestão Pública Ambiental, produtor cultural, participa do Núcleo Nacional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana e é atualmente presidente do diretório municipal do PT, da cidade de Extremoz (RN).

Segundo ele, a demissão não foi um ato isolado, ele já era perseguido na empresa há algum tempo. “Eu vinha sofrendo retaliações, perseguições e humilhações por parte de clientes e de funcionários que ocupavam cargos acima do meu, e isso me acarretou vários processos de adoecimentos e quadros de ansiedade”, afirma.

O trabalhador estava afastado há 15 dias quando foi a manifestação. Antes, ele havia ficado licenciado por  90 dias pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

REPRODUÇÃOPara garantir a segurança alimentar e de ambiente seguro de trabalho, entre suas inúmeras atividades, Doté Olissassi participava de campanhas como influenciador da empresa e coordenar da CIPA. De acordo com ele, as retaliações começaram quando ele decidiu não mais continuar o trabalho de marketing com a rede de supermercados Nordestão. Em seguida, assumiu a função de operador de caixa Lula foi demitido por justa causa.

O trabalhador, que tem experiência sindical e, portanto, conhece a legislação trabalhista, assim como disseram os advogados, acredita que merecia uma advertência. Para ele, a demissão foi por conta de sua atuação política e por ter atuação de liderança no local de trabalho.

Perseguição a cipeiros

“É comum a prática de perseguir, adoecer e demitir funcionários de destaque, principalmente cipeiros, em especial porque pensam politicamente diferente da empresa”, afirma Marcos Santana, presidente do Sindicato dos Empregados em Supermercados (Sindsuper/RN).

“Quando tomei conhecimento do ocorrido imediatamente mobilizei  sindicalistas, federação e a CUT, pois se tratava de perseguição à saúde de um trabalhador, de assédio moral e devido ao momento político, perseguição política eleitoral. Acionamos o setor jurídico da entidade e estamos seguindo com a ação”, complementou o dirigente.

A presidenta da CUT-RN, Eliane Bandeira, disse que ficou surpresa com o comportamento da empresa, que sequer aceitou dialogar com os dirigentes sindicais após cometer a injustiça.

“Ao tentar dialogar com a empresa tivemos uma péssima recepção enquanto representantes da classe trabalhadora. Fomos mal recebidos, clima de repressão e austeridade, não nos deixaram entrar, e nem entregar material educativo. Coisas que já tínhamos abolido há muitos anos nesse país. Mas a gente vai seguir firme, e ninguém vai soltar a mão de ninguém”, disse Eliane Bandeira, deixando claro que a luta pelos direitos de Doté Olissassi vai continuar.

 

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