Ramiro Caminhoneiro usa suas redes sociais para defender as ideias do presidente Jair Bolsonaro - Foto: Reprodução/Instagram
Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior, conhecido como Ramiro Caminhoneiro, foi preso pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (20), em um endereço no bairro do Ipiranga, zona sul de São Paulo, no âmbito da Operação Lesa Pátria.
O objetivo da operação é identificar participantes, financiadores e incentivadores dos atos terroristas de 8 de janeiro, em Brasília, quando milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e destruíram as sedes do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Superior Tribunal Federal (STF). Nesta sexta, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão em SP, DF, RJ, MG, GO e MS e expedidas 8 ordens de prisão.
Nos grupos de aplicativos de mensagem ligado a bolsonaristas, Ramiro oferecia vagas em ônibus que iriam para Brasília (DF), onde haveria uma “manifestação” no dia 8 de janeiro. O evento foi uma tentativa de golpe, com atos de vandalismo e terrorismo na capital federal.
Ramiro Caminhoneiro também publicava vídeos e mensagens pedindo que os bolsonaristas doassem dinheiro para financiar a organização dos atos golpistas. Aos policiais, ele afirmou que não estava em Brasília no dia 8 de janeiro. Em suas redes sociais, publicou vídeos no dia seguinte, 9 de janeiro, visitando as pessoas que foram presas pelos atos terroristas, na Academia Nacional da Polícia Federal, onde distribuiu chocolates e panetones para os detidos.
Líder dos caminhoneiros, empresário e candidato
Em seu perfil no Instagram, Ramiro é seguido por 69 mil pessoas. Por lá, ganhou fama como lideranças dos caminhoneiros bolsonaristas. Nas redes sociais, exibe fotos com o ex-presidente Jair Bolsonaro e, também, com sua família.
Entre os registros, está uma foto com o irmão de Jair, Renato Bolsonaro, a quem Ramiro agradece pela filiação ao PL, para disputar as eleições de 2022. Há também registro com o vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente.
Ramiro foi candidato nas eleições de 2018 e 2022, sempre concorrendo ao cargo de deputado federal em São Paulo. Nas duas oportunidades, se candidatou pelo partido em que o ex-presidente Jair Bolsonaro estava filiado, PSL e PL, respectivamente.
Em ambas as eleições, conheceu o fracasso nas urnas. Em 2018, obteve pífios 1.810 votos. Naquele pleito, o deputado federal eleito com menor votação foi Guiga Peixoto, do PSL, com 31.718 votos.
No pleito seguinte, em 2022, outro desempenho insignificante. Ramiro conseguiu apenas 4.542 votos e terminou à frente de apenas 18 candidatos do PL, legenda que lançou 169 candidaturas em São Paulo.
Em 2018, Ramiro declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) possuir R$ 252 mil em patrimônio. Na lista de bens, 50% de um apartamento, o que equivalia a R$ 250 mil. O restante do valor estava distribuído em contas.
Na eleição seguinte, 2022, o patrimônio divulgado ao TSE saltou para R$ 600 mil. Dessa vez, Ramiro declarou apenas 50% de um apartamento, na rua Costa Aguiar, no bairro do Ipiranga, onde foi preso, no valor de R$ 600 mil. Não há nenhuma referência a valores depositado em contas bancárias ou outros investimentos.
Ramiro é dono da Dream Come True Services Eirelli, fundada em 8 de setembro de 2014, com capital social de R$ 260 mil. A sede do empreendimento é na rua Costa Aguiar, endereço de sua residência. De acordo com as atividades econômicas declaradas à Receita Federal, a empresa faz serviço de reboques de veículos, transporte de passageiros, locação de automóveis com motorista, entre outros.
Ainda no bairro do Ipiranga, na rua Huet Bacelar, está a DCP Instituto Educacional Mídia Pesquisas Comércio Livros Ltda. A empresa, que pertence a Ramiro, edita e comercializa livros. No mesmo endereço está registrada a União Nacional dos Transportadores Rodoviários e Autônomos de Carga (Unatrans), que é presidida pelo bolsonarista.
Ramiro também foi dono da T.K.T. Loja de Conveniência LTDA, pequeno comércio que ficava dentro de um posto de gasolina, na rua Capitão Pacheco Alves, na Vila Prudente, bairro vizinho ao Ipiranga. A empresa está inativa e a loja foi fechada.