Foto: Sindjorce
Conrado Hubner explicitou bem a crítica. No artigo “A corrida dos ‘cotados ao STF’ tem mais fofoca que jornalismo” expõe esse jornalismo de fofocas que domina a mídia hoje em dia.
Obrigados a fazer cinco notas por hora, colunistas de notas se transformam em arautos de fofocas, recorrendo a “fontes em off” que nem se sabe se existem ou não. Servem para dar um tom geral a posições individuais, fazer lobbies ou simplesmente preencher espaços de notas.
Ultimamente, o prato preferido tem sido as apostas em torno dos indicados para o STF. Fulano é favorito porque é muito amigo do Gilmar; Beltrano é favorito porque é apoiado pelo Prerrogativas; Sicrano é favorito porque soltou no Twitter nota de apoio a Lula em um dia qualquer do verão passado.
Com tantos balões empinados, é possível que um esteja certo. Mas, certamente, todos são frutos de mau jornalismo
Vale o mesmo para o uso indiscriminado da palavra “mercado”. Que mané mercado? O gestor da BlackRock? Que nada? É o ex-colega de escola que é operador na mesa de uma instituição qualquer.
Nem se diga em taxar de “exclusivo” a informação recebida dos donos da Americanas, de que um inquérito interno, da própria Americanas, concluiu que os donos da Americanas não tinham informação sobre o golpe aplicado pelos donos da Americanas. E esse “furo” se tornou manchete principal do principal jornal do país.
Está provado que as redes sociais conseguem leitura explorando o ódio. O jornalismo tenta ganhar likes com notícias espetaculosas, ou falsas ou totalmente óbvias. Diz o título: “Saiba quem é a arma do PT para atacar Haddad”. O leitor vai ávido atrás da novidade, e a arma é Gleise Hoffmann, que todo mundo sabe que é crítica a Haddad.
Se é intenção da mídia recuperar a credibilidade, depois de quase 20 anos do pior jornalismo da história, está na hora de instituir a função do ombudsman – aliás, a Folha tem mantido a tradição de ótimos ombudsmen – mas, principalmente, acatar suas observações. Criem círculos de qualidade, consolidem o princípio de que uso indiscriminado de “off” é manipulação que desacredita a imprensa e abre espaço para lobbies de toda sorte.